terça-feira, 29 de julho de 2008

Recomeçar….


Como uma palavra tão simples do nosso vocabulário pode ter tanto peso na nossa vida emocional e social. Como uma simples palavra pode arcar com tanta responsabilidade e ser tão temida.

Porque é tão temido o inicio de uma nova fase da nossa Vida? Será porque este recomeço indica que falhámos, que somos uma nulidade na nossa vida e os objectivos que tínhamos ficaram por cumprir? Eu acho que não.

Olhando á minha volta vejo muitas vidas que deram voltas de 180º. Vidas desfeitas em ínfimos segundos, por vezes devido a atitudes impulsivas, outras que se foram degradando lenta e morbidamente mas cujo desgaste nunca foi assumido.
Seja qual for o motivo pelo qual a nossa vida mudou uma coisa é mais que certa, para iniciar um novo ciclo temos de limpar tudo o que ficou para trás. Não deixar assuntos por resolver ou palavras por proferir. Se se vai recomeçar é bom que iniciemos tudo do zero.

As mulheres normalmente associam um recomeço a uma mudança de visual, mas será que o fazem com a intenção certa?
Pois aqui está o ponto fulcral da questão. Veja-se por exemplo um caso de separação / divórcio…a mulher chora, reclama, grita, coloca as culpas no ex-companheiro, e faz opções de vida baseadas na raiva e no despeito que sente por ter sido “ trocada”. Muda o visual, começa a frequentar ginásio, melhora o guarda roupa e inicia uma vida social mais activa tudo isto com o objectivo único de mostrar ao ex-companheiro “o que perdeu”. Com o passar do tempo esta criatura vai continuar frustrada e sozinha pois o inicio de uma fase da nossa vida também comporta um auto análise.

Quando nos deparamos com uma situação destas o melhor mesmo é tirarmos uns dias só para nós e reflectir naquilo que somos, que fizemos até ao momento , no que sentimos, no que desejamos e quais foram os objectivos que cumprimos ou não até ao momento. Vão ser dias cruéis. Temos de ser isentas connosco e pesar verdadeiramente os nossos defeitos e qualidades, os nossos valores, as nossas atitudes, os nosso desejos e objectivos. Não basta gritar e chorar por uma relação perdida ( quem diz relação diz emprego, status quo económico ou social), Temos de nos isolar do mundo e reflectir nos nossos passos.

“Certo! A relação acabou! Porquê? Quando começou a queda? Como começou e porquê? De quem foi a culpa? Eu errei em A,B e C ele errou em C,D e E. Ambos erramos, ambos não tomamos certas atitudes.” Conclusão: no fundo o que se pretende é uma auto-avaliação de forma a verificar quais os erros por nós cometidos, quais as falhas afim de as melhorar no futuro.
Depois desta análise do nosso intimo, podemos começar com a melhoria tanto do nosso interior como do nosso exterior. Podemos perfeitamente ter uma nova imagem e reiniciar a nossa vida Social, mas sempre com a noção de que o fazemos por nós pela nossa evolução pessoal, pelo nosso crescimento…..Afinal foi-nos dada a oportunidade de recomeçar e não existe altura melhor para corrigirmos os nossos erros do passado.

Acima de tudo há que ter em conta alguns pontos fundamentais para o nosso bem estar:

a) Valorizar-nos!
Sim sou divorciada. Porquê?! As coisas não resultaram e não seria saudável manter uma relação baseada em “nada”. O problema resultou do “nós” e não exclusivamente de mim e das minhas atitudes.
Agora é avançar de cabeça erguida e ir á luta. Não há tempo a perder com lágrimas ou depressões.

b) Cuidar do nosso interior!
As mulheres tem o péssimo hábito de se anularem ao entrar numa relação. A frase “ como tu quiseres” deve ser a mais proferida dentro do quotidiano doméstico. A mulher anula as suas vontades, desejos, paixões e interesses em prol dos do seu companheiro. Quando a relação termina a mulher já não identidade própria, sente-se perdida e deprimida e dai ser tão importante “ o retiro espiritual” supracitado, será sempre necessário a mulher reencontrar-se.

c) Cuidar do nosso exterior!
Mais uma vez se verifica a anulação da mulher face á sua nova vida. A maioria pensa que agora que tem o que deseja ( namorado, marido, emprego ou casa de sonho) pode parar de se esforçar. Assim a mulher ganha uns quilos, deixa de ir ao cabeleireiro, esteticista ou a manicura, deixa de se empenhar nas suas funções e toma a típica atitude do “deixa andar”. Logo ao iniciar a nova fase tem de se esforçar o triplo para colocar tudo na sua anterior ordem.

d) Por fim e o tópico que acho mais importante , nunca tomar nada como garantido. Seja em que campo for. Nunca devemos tomar uma relação como garantida e deixar a mesma cair no marasmo.
Uma relação deve ser alimentada todos os dias, o nosso companheiro/a deve ser seduzido, mimado diariamente ( atenção que este ponto deverá ser recíproco, pois as relações não são unilaterais).
Um emprego deve ser encarado sempre como no primeiro mês de expediente. Devemos ter a mesma atitude que temos quando estamos ainda em período de experiência, ser zelosos das nossa funções e no cumprimento de horários ( mesmo que não aja motivação nenhuma para o fazer).
Uma casa de sonho só o é, se também for alimentada, tanto com a decoração também dos nosso sonhos com o com energias positivas que transformam a simples construção de tijolos e cimento num lar.

Estes pontos fundamentais, podem parecer-se muito com as teorias do famoso “ Segredo”, mas a realidade é mesmo esta.. Para sermos equilibrados e termos tudo o que sonhamos e conquistar os nosso objectivos temos de começar com o nosso intimo.

Nós reflecti mo-nos no exterior e não o inverso. É realmente difícil nos dias que correm fazermos a distinção entre os nosso desejos e sentimentos e os desejos e sentimentos incutidos pela sociedade , mas também temos de admitir que a nossa sociedade é alimentada pelas diferenças e não é assim tão mau ter uma personalidade própria.

Por tudo isto, vamos então recomeçar sem receios do que os outros vão pensar. Se nos nos conhecemos verdadeiramente e gostarmos o passo seguinte é mostrar isso mesmo ao mundo. Como diz o anúncio “ se eu não gostar de mim….quem gostará?”

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Unhas de gel


As unhas de gel chegaram, viram e venceram. Hoje em dia não há centro comercial que não tenha uma a duas lojas dedicada a estética exclusiva da unha de gel.
As marcações são feitas com semanas de antecedência e as filas de espera abismais.
Foi realmente uma grande invenção estética, que permite a pessoas de genética menos afortunada terem as mãos cuidadas e as unhas fabulosas que sempre sonharam. Estas abrem ainda portas para uma nova arte de pintura e decoração da unha, muito em voga nas meninas mais “originais”.
É uma arte cara, mas dizem as fãs que pode mudar completamente as relações sociais. Admito que é muito mais agradável olhar para certas amigas e ver as longas e cuidadas extensões do que o seu anterior visual de unhas demasiado roídas, fracas e com verniz descascado e cutículas infectadas (blhaackk).
Mas como em tudo na nossa sociedade, há o exagero. A unha de gel tornou-se para muitos uma forma de distinção social. Ter unha de gel é chique e só quem tem estatuto e dinheiro pode manter esta fantástica aparência. Certo ???
Errado. Por muito que se tente atingir estatuto através de roupas ,malas ,sapatos de marca ( ou contra facção fabulosa) ou mesmo unhas de gel, essa tentativa não terá qualquer sucesso. O estatuto está no interior de cada um e não nas falsidades estéticas que colamos ao nosso corpo.
O Universo feminino atingiu o cumulo da estupidez, quando se vê uma empregada de limpeza gastar metade do orçamento familiar na colocação de unhas de gel para ficar ficar mais bonita, porque a amiga tem igual e é um sucesso, algo está muito mal na sociedade.
Não há nada de mal em sentirmos-nos bem e cuidar-mos de nós, mas tudo tem limites e tudo tem uma razão de ser. Não vamos incorrer num gasto fútil para nos inserirmos na sociedade.
A humanidade e principalmente as mulheres tem de aprender que não é a sociedade das revistas cor de rosa que dita o que é aceitável ou não, mas as próprias mulheres que fazem a nossa sociedade. Mulheres reais, com necessidades e vidas reais. Mulheres que não precisam de extensões de gel, silicone ou cabelo humano ( de mulheres indianas que não têm mais nada para vender senão o próprio cabelo) para serem aceites.
Mulheres com “M” bem grande são as que se olham no espelho e se arranjam apenas para elas. Que são originais e verdadeiras consigo mesmas e sabem bem o seu valor na sociedade.

Há três anos visitei Nova York, onde a moda da unha de gel já havia chegado e onde em cada esquina há duas lojas de estética de unhas de gel. Todas as mulheres desde a recepcionista á empregada de limpeza tinham a bela da unha ( exageradamente grandes e vistosa) no entanto, as sociedades e as cidades não são iguais. Nos EUA existe poder de compra para tal e não se está a tentar atingir um estatuto. As mulheres são assim porque gostam si mesmas, transpiram auto confiança e cuidam-se apenas para seu prazer.
Será que alguma vez este pais de 3º mundo e seus habitantes limitados vão atingir a consciência de que não é de aparências que se vive, cresce e evolui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os meus 15 minutos de fama


A maioria da população sonha com o dia em que chegaram os seus 15 minutos de fama. Eu digo sinceramente que sempre associei os meus a um qualquer acto politico ou de escrita criativa e não estava minimamente preparada para o que aconteceu.

Alguém me disse que tanto reclamei e escrevi para tudo o que era jornal e revista que algum dia alguém viria atrás de mim. E assim foi.

Há algumas semanas enviei um mail inspirado para um programa de TV nacional ( cabo) e eis que me fizeram um convite para participar no programa em directo e falar sobre.... Sexo.

Primeiro pensei que só poderiam estar a gozar comigo, depois recusei-me a ficar orgulhosa, a pedido de várias famílias aceitei o convite.


Até ao último minuto verifiquei o meu e-mail esperando a chegada de um e-mail a cancelar tudo, porque tinham descoberto que afinal eu não era ninguém de importante. Ao contrário do que se espera eu não revelei a ninguém a minha participação. Os poucos que souberam eram aqueles que garantida mente não iriam conseguir assistir ao programa.


Fiz pesquisas....de que nada adiantaram.

Foi uma hora de preparação ( make up; cabeleireiro; testes de som; breafing do programa) para 15 minutos ( se tanto) de tempo de antena.

Não sei o que disse, nem se estava bem, ainda não fiz qualquer tentativa de me ver....


Questiono-me porque almejam tanto as pessoas os seus 15 minutos de fama... o que disse em directo foi apenas o que defendi toda a minha vida e que vou dizer até ao dia do meu suspiro final. Não é necessário tempo de antena.......a nossa existência baseia-se no nosso ser ,na nossa presença nas nossas ideias e na forma como marcamos as pessoas individualmente.


Perguntam se foi uma boa experiência? No seu todo sim, foi positivo. SE fiz boa figura, não sei...a auto critica em mim nunca vai deixar de ver defeitos...se algum dia me levar a ver a minha prestação diante das câmaras de TV.

Não te amo...Quero-te

Não te amo, quero-te:
o amor vem d'alma.
E eu n'alma tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett

sábado, 19 de julho de 2008

A (des)educação da mulher

Desde que nasce até ao dia em que morre a mulher é (des)educada para ser perfeita e desempenhar durante a sua vida todos os papeis de igual modo. Assim a jovem menina é educada para ser a filha perfeita para os seus pais e a irmã ideal para os seus irmãos , a aluna brilhante da sua sala de aula. Já adolescente esta tem de manter o elevado nível sendo a amiga sempre presente , a namorada atenciosa e manter o brilhantismo nas aulas.
Anos mais tarde, a menina casa-se e agora terá de desenvolver funções de esposa perfeita, dona de casa exemplar, mãe dedicada de um ou mais filhos e ainda conciliar tudo isto com o emprego full time onde é a trabalhadora ideal e a colega simpática sempre disponível.
E a mulher? Em tudo isto onde está o espaço para a mulher, para cuidar de si, para dar asas á sua imaginação, para satisfazer as suas necessidades e desejos?

Toda a sua vida a mulher é “programada” para cumprir meticulosamente o seu papel e assistir com prontidão e excelência as necessidades dos outros. Quando esta programação falha todos apontam o dedo. A mulher é catalogada de “má rez” e coitados dos pais é que sofrem com tamanho desgosto.
Ainda hoje, em pleno século XXI a mulher que sai deste padrão é criticada e ofendida pelos seus pares. Catalogada de egoísta, convencida, depravada, vadia, a mulher que escolheu ouvir o seu eu interior e seguir os seus instintos naturais segue o seu caminho superior a toda esta mesquinhez.
Não compreende o porque de tanta critica. É assim tão complicado perceber que todos os seres humanos tem uma série de direitos e um deles é o da liberdade de escolha, independentemente do sexo, religião ou cor de pele do individuo?
Pois esta mulher escolheu seguir o seu instinto e os seus sonhos. Desde criança que não percebe o porque da submissão das mulheres e a sua eterna rendição aos desejos e ordens de terceiros. Nunca quis seguir este ( mau) exemplo que a rodeava. Havia algo mais lá fora, algo que chamava por ela, que a atraia para longe do deserto de vontades próprias que a rodeava.
Nunca percebeu porque as mulheres cediam a pressão imposta pela sociedade, nem porque insistiam em responder a questões desprovidas de senso e vindas de todo e qualquer um que se achava no direito de interferir e opinar sobre a sua vida: “ Estás tão crescida, quando arranjas namorado?”; “Tens de ter atenção, qualquer dia ficas para tia”; “Já namoras há tanto tempo...nunca mais te casas?”; “Essa relação é a sério?”; “ Quando tens filhos?”;”Quando dás um irmaõzinho ao teu filho?”.

Ahhhhhhhhh!! Parou tudo! É sufocante. Claustrofóbico. Porque não perguntar de uma vez á mulher “quando te suicidas?” ou “essa frustração toda acumulada quando te vai fazer explodir?”.
Mas para ela o pior nem são as questões é o facto de raríssimas mulheres se insurgirem contra todos estes preconceitos. Como aguentam elas a prisão de uma vida vazia. E diriam muitas vazia não, os meus filhos são o melhor do mundo e adoro ser doméstica e afins, mas quando ficam sozinhas deprimem-se ao pensar em todos os sonhos por concretizar e desejos reprimidos.
Estava fora de questão ser assim. Não fazia parte dos seus planos olhar para traz e arrepender-se de todo o tempo perdido a seguir teorias pré históricas. Decidiu erguer a cabeça e endireitar os ombros, caminhou convicta de que tomara a decisão correcta. A única dúvida que a assolava era se teria força para aguentar as represálias da sociedade.
Anos mais tarde ela era a egoísta. Pensava apenas em si mesma. Tirara um curso superior e tinha uma carreira de sucesso na área que desejava e só pensava em dinheiro e viagens.
Era a narcisista, em vez de ter marido e filhos, passava uma hora por dia no ginásio a cuidar de si, ia á esteticista uma vez por mês apenas para ser mimar.
Era a vadia, passava horas com as amigas e amigos , no cinema, bares e discotecas. Era a depravada, sem vergonha que não tinha namorado mas tinha um “amigo” novo a cada dia que passava! Não depende de ninguém.
Apesar de todos os rótulos é feliz. Não se arrepende de nada. Planeou e executou na perfeição todos os seus planos de vida. Realizou-se a nível profissional, conhece o mundo, é culta e decidida...uma mulher com M maiúsculo. Agora sim, se for essa a sua escolha vai encontrar um companheiro e construir um lar.
Passam mais dois anos e nada mudou. Continua a ser rotulada de implacável. O seu companheiro deve ser um “maricas” pois faz a sua parte das tarefas domésticas e imaginem só até cozinha. “Uma mulher a sério nunca permitiria uma situação destas! “ – dizem as más línguas “ quando tiverem filhos é ele que vai ficar em casa”.
Isto é o que dizem. Mas o que será que pensam??

Foram rigidamente educadas para falarem mal de tudo o que difere dos seus padrões, mas no fundo falam por pura inveja.
Da janela da cozinha, vêm-na sair do carro após um dia de trabalho, elegante no seu fato e stiletos.... conhecem a sua rotina de cor... retira o saco de ginásio e entra em casa. É frequente vê-la á noite na varanda a bebericar café e a ler. Descontraída. Superior a tudo o que dizem dela. Sem qualquer tipo de remorsos.
Pela manhã vai sair bem cedo, equipada para ir ao ginásio. Sorri e acena as vizinhas com quem se cruza, estas olham de lado, o que não dariam para ter aquele aspecto fresco pela manhã, mas tudo o que sentem é o peso das tarefas.
Curvadas e de aspecto sombrio sonham com uma hora, no mínimo, de tempo apenas para elas. Sabem que isso é impossível. Mesmo que dispusessem dessa hora, iriam sentir-se culpadas pelo acumular de tarefas. Não tem vida própria, nunca tiveram e agora é tarde para mudar.
Uma mudança nesta altura do campeonato equivaleria a um possível divórcio e isso está fora de questão. Seria uma vergonha. Uma desgraça, não só pelo rotulo de má esposa e má mãe, mas também porque não sabem viver sozinhas ou sem estar sob a alçada de um macho dominante. Tem medo da solidão e do tempo livre pois não sabem que lá fora há um vasto mundo de oportunidades e de coisas novas para fazer.

Ser independente também não é simples. Obviamente que como em tudo na vida há prós e contras. Passou algum tempo sozinha, pois poucos eram aqueles que percebiam a sua forma de pensar e agir. Teve muitas dúvidas mas a sua liberdade e os seus objectivos estavam acima de tudo. Não iriam ser os preconceitos sociais ou os tabus incutidos pela igreja e pelos bons costumes que a iriam afastar dos seus sonhos ou desejos.
Ainda ri ao pensar na reacção de certas amigas quando em passeio pela baixa entrava nas sex shops. Quase que morriam de vergonha só de estar á porta do referido estabelecimento comercial, quanto mais entrar e fora de questão estava a aquisição de algo.
Porquê?! Questionava as amigas... a resposta nunca era satisfatória. Era feio, era uma vergonha e se alguém conhecido as visse, que iria o namorado achar. Porquê esta submissão e total aniquilação de vontades próprias?

Desde sempre as mulheres que se tentam evidenciar são apontadas pela sociedade, mas isso não quis dizer que estas parassem e deixassem de lutar pelos seus ideais. Que seriamos de nós sem as incompreendidas sufragistas ou mesmo sem mulheres que ocuparam lugares de destaque nos tronos europeus e na politica....alguém teve de ser a primeira.
Porquê que para os homens sempre foi absolutamente natural a frequência em casas “duvidosas” e as suas práticas e escolhas sexuais nunca foram motivo para ostracização por muito pervertidas que fossem?
E porquê as mulheres em lugares de destaque, na politica ou mesmo nas empresas são sempre apontadas e catalogadas de cabras?
Este é ainda um tema tabu. Enquanto as mulheres não tomarem as rédeas da sua vida e da educação das suas filhas. Enquanto a educação de homens e mulheres não for uniformizada o mundo vai evoluir.

A importância de ser......discreto

Algo que sempre me causou alguma confusão, são as criaturas ( principalmente mulheres) que se passeiam pelos transportes públicos e gritam para os restantes utilizadores detalhes da sua vida intima. A ideia é contar estes detalhes ao conhecido que as acompanha, no entanto o mesmo deve ser surdo...pobre criatura.
Assim todas as manhãs podemos ouvir as constantes reclamações sobre vida privada, maridos, filhos, tarefas domésticas e cuscuvelhices com as vizinhas, sobre trabalho, os patrões e/ou colegas ou mesmo sobre o autocarro onde vão pois não gostam da cara do motorista. Se tiver-mos a sorte de todos os dias frequentar o mesmo transporte público então temos o privilégio de seguir a vida deste espécime como se de uma novela se trata-se.
Todos os dias sabemos o que foi almoço, o jantar e o lanche e quanto tempo demoraram os colegas de trabalho a tomar café de cada uma das 10 vezes que se retiraram da sala de trabalho.
Algo comum a todas estas criaturas é o drama da vitimização, a língua afiada que se contêm face aos chefes ( e depois quem a ouve são os utentes dos transportes) e o trauma da incompreensão. Só os pobres sofrem desta forma... a vida desta espécie parece uma novela mexicana.
Mas para além desta divulgação pública da sua vida pessoal a intenção primária destas criaturas é dar nas vistas. É colocar do seu lado todo e qualquer ser humano com os quais se cruza. Todos devem simpatizar com os seus dramas, defende-la ( teoricamente ) dos abusos dos patrões e dos colegas, já que esta criatura é uma mártir no seu local de trabalho e ainda falarem mal do conjugue que não ajudas nas tarefas domésticas e deseduca os filhos.
O Drama. O horror. Vidas reais.... passando a publicidade, o grande sonho destes seres é serem reconhecidos e no mínimo aparecerem no jornal da noite da TVI.
Para grande tristeza minha, assisto diariamente a esta novela. Um dia ao tentar abstrair-me através da leitura do jornal, o meu olhar divagou para a pessoa sentada ao meu lado e nesse momento descobri um exemplo perfeito da descrição.
Um homem de 40, barba de 2/3 dias, roupa simples ( mesmo que tivesse alguma marca especifica não o ostentava) sapato bem engraxado e um saco tiracolo ( não um saco de transporte de PC’s como muitas pessoas usam hoje em dia para transportar o almoço) e tal como eu ia a ler o jornal. Aqui reside a surpresa.
Como quem faz palavras cruzadas este homem faz a correcção de uma coluna no jornal. Corrige erros, inverte parágrafos, coloca notas laterais a lapiseira. Organiza-se mentalmente e recomeça....é um verdadeiro génio a trabalhar.... e perguntam vocês porque é este homem tão especial?? Porque é ele o autor da coluna/ editorial que está a corrigir. No topo do texto está a foto e o nome deste personagem, colaborador deste jornal diário de grande conceito e tiragem a nível nacional.
Também ele anda de transportes todos os dias. Também ele assiste aos dramas quotidianos. Ele sim é importante e tem um papel de destaque nas nossas vidas, afinal muitos inspiram-se nas suas palavras para formar uma opinião sobre um qualquer tema da actualidade.
E daqui podemos tirar as nossas conclusões. Pessoas verdadeiramente importantes não “esfregam” o seu estatuto na cara do mundo em geral. São como são e ponto.

A Tia de Lisboa Vs a Tia do Norte

Os programas que mais imperam na TV nacional, são sobre as vidas ditas fabulosas das auto-proclamadas “tias”, no entanto se olharmos com atenção conseguimos ver muitas diferenças nas mesmas.
Há uns anos saiu em Portugal um livro sobre a tipologia de tias existente no nosso pais, mas esta obra peca pela falta de diferenciação entre a tia de Lisboa e a do norte do pais.
A tia de Lisboa, ou melhor, de Cascais é absolutamente fútil. A maior parte não tem onde cair morta. Tem um nome de família já bem gasto e arrastado na lama, mas estão completamente falidas. Sobrevivem graças as revistas cor de rosa, bares da moda que as contratam para aparecerem plásticas oferecidas também como forma de publicidade gratuita. Tem filhos/as que seguem o mesmo modo de vida, mas no fundo não valem nem o chão que pisam. São totais e absolutos parasitas da sociedade.
Não trabalham. Não contribuem em nada para a sociedade ( porque não basta dar a cara por algo importante, há que trabalhar por esse objectivo também). São meros cabides de roupas que nunca ninguém vai usar ( nem mesmo eles as usariam senão fossem ofertas de lojas e designers que buscam novamente a publicidade grátis) e dizem disparates que mais tarde serão gozados por outros espécimes e usados para vender mais revistas cor de rosa com citações decadentes e absolutamente absurdas e pouco inteligentes destas criaturas.
Será que o prazer de aparecer compensa a figura triste que fazem ??? Porque se assim for, estas criaturas são ainda mais burras do que aquilo que aparentam, pois bastava seguir o exemplo vindo do norte do pais.
Dizem várias teorias politicas que as zonas norte dos pais sustentam as zonas sul e até neste circo de aparências esta situação se reflecte.
Cada vez que faço zapping e paro em canais nacionais dedicados ao norte eis que vejo a minha frente tias a sério. A tia do norte tem nome, tem muito dinheiro e tem postura social.
Esta espécie não precisa de gritar para se fazer ouvir, não diz barbaridades aos jornalistas. São pessoas de fundo. Cultas, inteligentes. Contribuem para a sociedade e acima de tudo trabalham. Este tipo de criatura pode ter negócios de família, mas sabe como geri los e torná-los ainda mais ricos e prósperos. O que fazem pela caridade é de coração não apenas para aparecer o nome nos jornais.
Os filhos são educados, tem pose e aparência daquilo que são.... Ricos (e não pseudo-ricos ou novos ricos).
Não vivem de aparências e dizem as coisas na cara de quem as merece ouvir. E acima de tudo não escondem que usam os seus conhecimentos para se beneficiarem e criarem novas oportunidades de negócio.
Enfim, a elite, a verdadeira nata da sociedade reside no norte do pais e para aí sim deveriam dirigir-se os olhares e a atenção da opinião pública para aprender algo de importância. Mas possivelmente também aqui as tias do norte se contêm um pouco...afinal não é aparecer que conta...também aqui as pessoas são importantes e ponto, não necessitam esfregar o seu estatuto na cara de ninguém.
Aqui se define o estatuto....Através da classe.

"I'm rich, but I don't have to flaunt it"".
Babe Paley ( editora da vogue norte Americana na déc. 40 e 50)

Porque te calas?

Sim o titulo está correcto. Porque te calas pergunto a todas as mulheres.
Frequentemente se vêm mulheres de costas curvadas e olhares vazios, muitas delas vivem frustradas com a sua vida familiar, social e laboral mas nada fazem para mudar a sua postura.

O maior erro destas mulheres é sufocarem os seus sentimentos, anularem as suas vontades em prol de terceiros ( sejam estes quem forem). Porquê as mulheres ainda se calam?
O marido não ajuda nas tarefas domésticas, não cuida dos filhos, não tem emprego e o que faz a mulher... depois de um dia de trabalho que é imperativo para o sustento do orçamento familiar, tem ainda de passar no supermercado, fazer o jantar e as tarefas domésticas, cuidar dos filhos das sua educação e higiene e possivelmente ainda servir ao marido um digestivo pós jantar.
O marido tem ainda o direito de gastar a maior parte do orçamento familiar nos seus vícios pessoais ( cigarros, bebidas com os amigos; jogas de futebol, etc...) enquanto que a mulher continua ficar fechada em casa aos fins de semana a fazer mais tarefas domésticas, a cuidar da educação dos filhos, e no fundo a morrer estúpida.
Continuo a questionar-me o porque desta submissão que me deixa completamente fora de si. Um apelo que faria ás mulheres seria “ deitem cá para fora tudo o está entalado na vossa garganta”, o que iríamos ouvir seria:
- Queres tabaco? Vai trabalhar para o pagar?
- Queres ir ver a bola? Óptimo, levas os teus filhos. Eu vou ao cinema?
- Queres ir para os copos com os amigos? È bom que estejas em casa as 18H. Porque é há hora que vou sair.
-Queres jantar agora? Já? Tivesses levantado o rabo do sofá e tivesses feito o jantar. Agora esperas porque eu vou relaxar, tomar um duche e brincar com os meus filhos.
- Queres ir para o Algarve ter com os teus amigos no fim de semana para a concentração motard? Vai. Eu vou com as crianças passear.
- Queres a camisa azul passada? A tábua e o ferro de engomar estão no sitio do costume.
E tantas outras. Estas pequenas frases seriam libertadoras para a maioria das mulheres. As mulheres não são capachos de ninguém, são seres com, necessidades e direitos e que dispõe de todos os meios para atingirem os seus objectivos.
Mas a 1º coisa que tem de perceber é que se não se valorizarem e lutarem pela concretização dos seus desejos, nunca ninguém o vai fazer por elas. Em 2ª lugar, se não se impuserem não chegam a lado nenhum. E em 3ª ninguém, mas mesmo ninguém terá o direito de as criticar e diminuir apenas porque lutam pelos seus interesses.


O homem é apenas um homem e não um Deus. Pode e deve ouvir a palavra não várias vezes na sua vida. Se quer uma criada para toda a vida pode perfeitamente ficar solteiro e a viver em casa dos pais e ser totalmente mimado, certamente que devoção por parte da sua mãe não lhe vai faltar e lá não chateia ninguém.

Este texto pode parecer feminismo, mas não é. È simplesmente um apelo a todas as mulheres que se sentem escravas da sua própria vida e vivem presas nas garras da depressão. Está na hora de tomarem as rédeas da vossa própria vida.... Afinal meninas boas vão para o seu e as más vão para todo o lado.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A Marisa fê-lo gostar mais de fado?

Resposta A: Oh sim ela é fantástica e representa o povo português na sua plenitude. Gosto muito.
Resposta B: Ela inventou o fado. É fantástica. Passei a ouvir todos os dias.
Resposta C: Marisa?! Não sei quem é? Joga futebol? Ah Não.... mas gosto muito, sim ... sim fantástico vou a todos os concertos desde adolescente.

Suspiro.

O tuga não aprende mesmo. Ou ignora a realidade, ou distorcem de tal forma que até dá dó.Há quanto tempo existe a Marisa?
Á quanto tempo conhecem o fado? E a Mafalda Arnaut passou de bestial a besta, quando?
E a Amália já não interessa mesmo depois de ter sido enterrada no panteão Nacional ao lado do Camões. E se assim é, há esperança de algum dia também deixar de ter de ouvir o nome de Eusébio.
E já agora...alguém percebe alguma coisa do que ela diz? Acordem para avida e relembrem o slogan da conhecida marca de bolachas... O que é nacional é bom...independentemente da área em operam. Portugueses acordem para a vida.

Qual o Português que considera o mais importante do mundo e do qual mais se orgulha ?

Mais uma vez um jornal diário tentou sondar o povo português, em busca da famosa sabedoria popular tão louvada . Desta vez a questão seria qual a personalidade da actualidade que motivava ao orgulho de nacional de cada um.

Infelicidade a minha e de outros leitores que tiveram de ler a mesma resposta várias vezes e sempre com a mesma justificação infundada – Cristiano Ronaldo, porque ganha muito dinheiro e reconhecem-no no estrangeiro.

Mais uma vez ficou nacionalmente comprovada a falta de informação ou mesmo a ignorância do povo em relação ao que se passa á sua volta. Mais uma vez uma figura que nada de importante faz ou alguma vez fez na sua vida é imagem de marca da nossa pequena nação.
Já repararam no exemplo de pobreza de espírito e pobreza cultural que demonstramos ao afirmar uma coisa destas?

Será muito difícil assumir que somos muito mais do que futebol, futebol e futebol? ...Sim porque até o fado e Fátima já foram relegados para 5º plano.
Ou será que o povo é totalmente desinteressado e desinformado ao ponto de não saber que existe um português detentor de um prémio Nobel de literatura; um português presidente da Comissão Europeia entre outros.

Será difícil admitir a importância de figuras do mundo do cinema, da literatura, da ciência, da moda, da politica e de outros desportos que não o futebol. Sim, eles existem. Eles já são distinguidos pelos restantes países do mundo, mas chegam á sua terra natal e o que acontece? Caiem no vazio da indiferença, num total e completo anonimato só possível devido á ignorância dos seus compatriotas.

Por muitas vezes ouvi criticar as condecorações entregues pelo Presidente da República no dia de Portugal, por todo o lado se critica que estas são entregues a desconhecidos e não a portugueses reais.
Agora pergunto, quem emite tais opiniões sabe quem são os portugueses reais, ou está a falar dos restantes membros da selecção nacional? E será que estas pessoas alguma vez se deram ao trabalho de fazer uma pequena pesquisa no vasto mundo da Internet para tentar descobrir quem são os condecorados pelo PR ? Ou mesmo ler algum jornal ( a sério) para estar informado?

Uma coisa é certa, os jogos olímpicos 2008 estão quase a rebentar e durante alguns meses os portugueses vão ouvir novos nomes e comentar novas habilidades ou falta delas. Talvez tenhamos sorte e os cartazes publicitários variem um pouco de imagem e quiçá tenhamos ainda direito a ver noticias sobre pessoas diferentes nos telejornais nacionais.
E ainda mais remotamente, talvez consigamos ver algumas reportagens sobre os jogos paralimpicos 2008 e aí sim ver portugueses que dão o melhor de si, se excedem a todos os níveis e inclusivamente o fazem sem qualquer apoio quer do estado quer do povo português.

Coitadinhos dos funcionários públicos

Hoje uma das manchetes visava um novo escândalo. Mais uma vez a opinião pública foi manipulada, mas isso nem foi o pior. O pior é que foi manipulada, enganada e esse engano foi hoje exposto.
A vergonha!
Coitadinhos dos funcionários públicos obrigados a trabalhar até morrer, amarrados ao seu local de trabalho. Vêm as suas solicitações de reformas antecipadas recusadas e as juntas médicas recusam-se a”ver” o quanto estão doentes e debilitados incapazes até de se movimentarem.
A opinião pública compadeceu-se , exaltou-se e tomou partido destes pobres indefesos seres humanos. Fizeram-se manifestações de apoio, entrevistas escandalosas com as pobres vitimas, o estado mais uma vez foi apontado como intransigente e cruel. O pais solidarizou-se e chorou as dores dos seus compatriotas....até hoje.
Ao que parece aconteceu um milagre. Ana Maria mais conhecida como a funcionária de Ponte de Lima, entrevistada a partir da sua cama por todos os canais de TV nacional, cujo estado de saúde foi considerado incapacitante e irreversível ficou curada de um dia para o outro.
Agora coloca-se a questão, será que a tal junta médica apelidada de cruel carrasco tinha razão?
Resposta do pai de Ana Maria: Não. Foi milagre de uma igreja de Braga.
Resposta da autora: Hello! Não se pode acreditar em tudo o que é noticia TVI ou 24 Horas.
Resposta da O.P : F.... !! Fomos enganados, mais uma vez.
Conclusão: Para todos aqueles que assistem a estes circos e sorriem de escárnio ao ver estas mobilizações de carneiros influenciáveis, esta é mais uma vitória sobre os fracos de espírito. Mais uma vez a realidade inundou o mundo e devolveu-lhe as cores naturais .
Nota: Será que agora todos os funcionários públicos que se sentem injustiçados e que o comentam aos berros nos transportes vão ficar mais calados a partir de hoje.

Justiça Poética

No inicio do mês os jornais nacionais, orgulhosamente emitiram peças sobre o povo espanhol. Desta vez a noticia não era a família real e as habituais escandaleiras, mas sim o desprezo pela selecção espanhola.
O jornalista português orgulhoso anuncia que os espanhóis odeiam a sua selecção de futebol e que decidiram adoptar a selecção portuguesa, seguem-se entrevistas de rua ao povo espanhol que enuncia as suas adversões e o orgulho em torcer pelos seus irmãos ibéricos.
Conclusão: A Espanha ganhou o Euro ’08 e os tugas nem a meio chegaram. Será que os espanhoís continuam a apoiar a selecção vizinha? Será que tiveram o desplante de fazer um recepção de aeroporto á sua própria selecção? E aqueles que deram a cara nas entrevistas, como estarão agora,será que saem á rua??
Mais um vez se comprova que nacionalidade não se deve medir pelas escolhas desportivas e que por muito opinativo que sejamos há coisas que deveriam ser mantidas longe das câmaras de TV Internacionais.
Uma coisa é não sermos orgulhosos da nossa pátria outra coisa é medir esse orgulho levianamente e baseando-se em futilidades.
Foi uma bonita lição para toda a Península Ibérica.