quinta-feira, 22 de maio de 2008

Emancipação ou Frustração

Ao ver uma reportagem num canal de televisão nacional sobre mulheres emancipadas, lembrei-me de uma pessoa que conhecia há alguns anos e que se auto designava mulher emancipada.
Era tanta a sua independência que passa os dias ostracizada pelo mundo e as noites sozinha. Durante o dia era evitada por todos os que a rodeavam e a noite era um mero reflexo da solidão do dia e da depressão por ele provocada.

Era uma pessoa tão infeliz com a sua tão proclamada liberdade que criou um mundo de fantasia á sua volta.
A sua vida era perfeita, a mais perfeita de todas. Ela tinha objectivos a cumprir e uma relação naquele momento iria destruir a sua concentração. A sua família era perfeita ( apesar de não falar com os pais e arranjar problemas com os irmãos).
Tudo era cor de rosa e brilhante, como sempre havia planeado.

A verdade?! Essa era bem mais cruel.

A frustração é um sentimento muito perverso.
A pessoa que a sente não a reconhece e quem está a sua volta sofre os ataques da própria frustração.
Por vezes, essa “violência” é tão forte que se reflecte na fuga dos terceiros provocando no frustrado um aumento do mal que o consome. È um sentimento cíclico e vicioso.

O frustrado é uma pessoa ensimesmada e de mal com a vida que não assume ou não percebe o porquê da sua parca vida social.
Toda e qualquer conversa tem inicio ou é conduzida para a vida social do frustrado, que é sempre mais; melhor; repleta de emoções e alegrias em comparação com a dos restantes intervenientes.
Assim, todos os intervenientes caiem no marasmo e na negritude da sua própria vida vazia e desinteressante. Ficam também elas melancólicas e frustradas contagiando um ainda maior universo populacional.

A frustração de terceiros pode ainda reflectir-se na impotência que sentem ao não conseguir incutir no individuo original ( muitas vezes um amigo próximo) o sentido de realidade. Esta última espécie de frustração é talvez a mais grave pela impotência de todo e qualquer acto.

A questão fulcral aqui é saber se o sujeito inicial deseja libertar-se do sentimento que o assola, pois na sua abstracção da realidade são felizes, ignorando a crueldade da solidão que os rodeia..
O que torna a vida vazia??
A resposta é muito simples, somos nós próprios que tornamos a nossa vida num poço sem fundo e bem escuro.
São as nossas opções de vida, caminhos e atitudes, que fazem de nós os fantasmas existenciais que somos.
Não há forma de cativar pessoas para o nosso circulo sendo negativos, críticos e sem qualquer noção de que o nosso vazio existencial é o elemento provocatório da nossa solidão.

Conclusão: a nossa infelicidade e solidão provocam apenas mais vácuo a nossa volta. Enquanto não melhorar-mos o nosso “eu” e não gostar-mos de nós mesmos a única coisa que vamos conseguir é uma maior e mais profunda solidão e abandono.


Será tudo isto a tão gabada emancipação?!

"Propriedade do Ricardo"

As pessoas não param de me impressionar.
Na mesma semana em que um canal de televisão nacional emite uma reportagem sobre mulheres emancipadas que são solteiras , vivem sozinhas e vivem apenas para si mesmas e para satisfazerem apenas os seus sonhos e desejos ( mas este será um tema para outra conversa) vejo a passear na rua , uma jovem de não mais de 15 anos, rodeada pelas amigas e com uma folha A5 colada á camisola que diz " Propriedade do Ricardo".

O meu pensamento instantâneo foi - "Suicida-te" - mas depois fiquei a pensar no assunto.
Que estamos a criar uma geração miserável, sem princípios, sem ideias próprias, sem bases morais, religiosas, politicas e acima de tudo intelectuais, isso já eu sabia.
Mas interrogo-me até que ponto podem os pais fechar os olhos e permitir que os filhos façam esta figura na rua.
Alguns poderiam até dizer que é algo bonito, uma pura demonstração de amor ainda infantil, vão crescer etc...
Mas eu não vejo as coisas dessa forma. Entristece-me profundamente este deserto intelectual da nova geração, mais ainda quando sei que o mesmo tem origem nos próprios pais.
Nos pais sim, que mesmo inconscientemente imprimem as suas frustrações e "traumas" de infância nas crianças. O vazio das suas vidas que consideram fúteis e inúteis ( mas que nada fizeram para alterar) incutiram nos seus filhos uma aura de desolação, pobreza de espírito e inactividade perante as adversidades da vida.

"Propriedade do Ricardo"... se personificássemos o Ricardo, para os pais este seria sombra do passado que os atormenta, aquilo que queriam ser e não são e que ao mesmo tempo não conseguem ignorar e ultrapassar. Para os filhos " Ricardo" será a ancora que os pais representam na sua evolução natural ,com a sua influencia negativa. É a redoma em que vivem e que não lhes permite ver o mundo real.

Mas como todos os proprietários, Ricardo vai perceber como a sua posse fica desvalorizada com o tempo e a parca ou nenhuma adaptação ao mundo real e nessa altura vai retirar-se de circulação.

E agora, como ficamos ?
Como vão ficar os pais sem passado, presente e futuro que se deixaram abater e pararam de lutar, educar e criar bases para que as suas crias tivessem tudo o que merecem?!
Como vão ficar as crianças, quando se depararem no mundo real e todas as portas se fecharem e tiverem obrigatoriamente de avançar sozinhos?

É perturbador, não é?
Não creio que os "Morangos com Açúcar" tenham preparado os adolescentes para o que ai vem.

Manipulação de Opinião Pública

Foi com grande indignação que vi ontem ser anunciada uma "Grande Entrevista" com o Sargento. Como é possivel uma situação destas?mais umvez informo ,que eu sei que vivemos num pais democratico e com liberdade de expressão, mas sinceramente não me parece que fique bem á televisão pública tomar partidos numa situação como a que se encontra o referido senhor.Ou será que estou enganada e para a próxima semana vou ver o anúncio a uma "Grande Entrevista" com o pai da Criança??? Ou pelo menos uma indicação de que o mesmo foi convidado a expressar-se e não o quiz fazer por opção ( se é que foi esse o caso).

Não me agrada este tipo de manipulação da Opinião Pública, prepetrada pelo Sargento, muito menos ainda depois de ter publicado um "livro".

O sumo interesse desse Senhor deveria ser a vida da criança em questão e não a sua auto promoção.
Mais uma vez afirmo se ele amasse como diz amar a criança não a expunha de forma tão calculista.

O mais incrivel é que esta manipulação está a ter sucesso e o português dá mais atenção aos discursos ensaiados de um oportunista do que a temas que seriam bem mais importantes para a sua ( do português) vida futura.

É triste, mas é o mundo em que vivemos.

Nota: Foi enviado e-mail ao provedor da RTP, sobre este tema. Será que vai responder?! ficamos a aguardar.

domingo, 11 de maio de 2008

A burrice compra-se na Farmácia

Quando nos perguntam se somos racistas, dizemos sempre obviamente que não, mesmo que isso seja verdade. Para muitas pessoas ainda é difícil assumir a xenofobia que lhes faz ferver o sangue nas veias cada vez que vão ao café ou a uma qualquer loja e são atendidos por alguém de sotaque ou cor diferente.

Eu sempre me assumi como racista. Não o sou, no entanto, com cor de pele, credo ou raça. Sou racista com pessoas burras e muito mais ainda com pessoas que fazem passar por burras.

Desde quando se tornou moda uma pessoa fazer-se passar por burra para se inserir num meio social???

Basta olharmos a volta, no nosso local de trabalho ou no local que frequentamos socialmente nas noites de sexta ou sábado á noite. Risinhos parvos e ares divagadores são o melhor exemplo deste espécime irritante.

Fala-se de algo que passa nos telejornais e fazem um ar de quem nunca viu tal coisa. Faz-se um comentário sarcástico e ouve-se aquele risinho parvo e absolutamente irritante, fala-se em Chernobil, Iraque e olham para nós como quem olha para uma pintura abstracta e tenta desvendar aqueles rabiscos coloridos.

O pior é que em alguma fase da nossa existência este tipo de atitude se tornou moda. Alguns amigos com quem partilhei esta ideia dizem ser um meio de defesa contra a cruel realidade que nos rodeia. Talvez seja, mas ignorar a realidade nunca foi a forma mais de segura de nos protegermos seja do que for.

Numa relação a dois, nenhuma das partes deseja falar como uma parede, por isso para mim não faz sentido que um dos intervenientes se faça passar por menos inteligente do que é. As mulheres fazem-no em busca de aceitação, acham que os homens as vão desejar mais, se não demonstrarem existência de mais de dois neurónios e homens fazem-no para a mulher se sentir bem consigo mesma e desta forma a “relação” avançar mais depressa.

A longo prazo, obviamente que isto vai dar mau resultado. Ninguém se pode fazer passar por parvo toda a vida e até a burrice tem limites, mas acima de tudo a relação que começou com uma pequena mentira ou dissimulação não vai durar muito tempo.

Os comerciantes queixam-se da pouca venda de livros, as escolas do abandono escolar, e o povo reclama de não perceber nada do discurso de certas figuras públicas. Porquê ??

As sondagens continuam a indicar no nosso pais um preocupante grau de iletrados. Mas mesmo com a introdução de jornais gratuitos nos transportes públicos as pessoas continuam a não estar interessadas em ler.

São lançadas colecções de livros grátis, junto de jornais e revistas e os mesmos são preteridos em relação aos denminados “pasquins” e revistas cor de rosa. O que interessa é ter bom aspecto, o resto é irrelevante!

Errado !! Se não nos sentirmos bem interiormente isso transparece. Não basta sentir-mos com saúde, enérgicos e bem disposto se o nosso estimulo intelectual é zero. Bem dispostos somos mais agradáveis socialmente, mas não nos mantemos assim muito tempo se eventualmente não soubermos alimentar a conversa por mais de 5 minutos.

Quantas vezes ouvimos a expressão de sentimentos como depressão ou cansaço mental?! Muitas. As pessoas queixam-se e atribuem culpas á vida difícil, emprego exigente ou ao trabalho com os filhos mas a realidade é que não trabalham o seu cérebro e isso se reflecte na vida quotidiana de cada um.

Certa vez cruzei-me com uma jovem de 23 anos que se queixava exactamente do mesmo. A vida não tinha nada para lhe oferecer, sentia-se deprimida e sozinha e já nem conseguia interagir com os antigos colegas de faculdade porque não se sentia bem. Analisando o seu dia a dia compreendeu-se o porquê. Esta criatura tinha uma ocupação sem qualquer tipo de estimulo intelectual, depois de 8 horas de trabalho ia de transportes públicos para casa e ao chegar deitava-se e adormecia ( isto as 18 horas). Não lia, não via TV, não falava com ninguém fora do local de trabalho.

O que sentia não era então depressão era embrutecimento.

Logo de seguida vêm as desculpas, sendo a mais vulgar a falta de tempo. Não existe falta de tempo, o que existe é falta de disponibilidade das pessoas. Se vai de transportes para casa, leia um livro ou jornal ( estes até são gratuitos e oferecidos nas estações), cultive-se, mexa-se, pelo menos saiba o que se passa no mundo.

Existem exposições grátis, bibliotecas onde ir buscar livros sem gastar dinheiro, cafés onde ler os jornais diários gratuitamente. O importante é mesmo tomar iniciativa e isso não custa nada.

Ou custa?? Sim, voltando ao inicio do texto, talvez custe porque está na moda ser burro. É muito mais atraente.

Depois vem as conhecidas piadas de loiras, mas o verdadeiro Loiro/a burro/a é aquele que assim escolhe ser.

Boa Forma com Qualidade

A grande preocupação das últimas décadas tem sido acima de tudo a aparência e a busca do físico ideal. Seja por convicções pessoais ou pela tentativa fútil de atingir o esteriótipo imposto socialmente, não há um único ser humano que não se preocupe com a sua aparência, com possíveis dietas ou frequência no ginásio.

Mas tal como em tudo na vida há várias decisões importantes a tomar, como o tipo de dieta ou exercício a que se vai aderir e neste campo temos uma vasta panóplia de opções.

Aliás o mais aconselhado até seria efectuar uns cursos de reeducação alimentar, já que a obesidade é neste momento uma das doenças mais apontadas pela OMS, mas não se pode exigir muito mais da sociedade que temos, onde tudo tem de ser “naturalmente” perfeito.

Mas quanto a más escolhas alimentares e perigos de dietas relâmpago e distúrbios alimentares já muito foi dito e não vale a pena repetir.

O que verdadeiramente assusta são os ginásios. O negócio do século ( veja-se a polémica das taxas de Iva). Desde as yogas, aos programas BTS e hidroginástica, tudo o que prometa perda de quilos a mais ou celulite tem a sala cheia, mas o pior são as condições em que estas aulas são oferecidas e fornecidas.

Após alguns meses de descanso resolvi voltar a prática de exercício e procurei na minha nova área de residência um novo ginásio. Fiquei deprimida com o que vi. Pior ainda fiquei assustada com o que me deparei.

Locais em que a relação preço/ carga horária é absurdamente elevado e onde as condições de treino são negligenciadas.

Num dos locais onde me dirigi, inclusivamente a dona/ recepcionista/ co-treinadora / nutricionista fez o ar mais assustado do mundo ao ouvir-me relatar o meu curriculum de exercício durante toda a vida. O seu ar de espanto parecia indicar que nem a treinadora do local fazia tanto por dia … Não é admissível.

A própria treinadora de ar flácido imprime pouca energia á aula e não presta atenção as alunas, não corrige as péssimas posturas e todas as alunas sem excepção apresentam já sinais de futuras lesões.

Tudo isto me assusta porque alguém quando entra num ginásio e não tem qualquer antecedente de exercício, não observa este tipo de situação e não sabe ao que vai. Se não houver uma observação cuidada destes utilizadores não vai haver qualquer resultado, ou melhor vai haver um resultado… múltiplas lesões, desconforto e acima de tudo desilusão pela falta de resultados.

Deveria haver uma comissão para maior fiscalização destes locais, mais não seja pela instituição que dá a cara e forma os treinadores “especializados” que lá encontramos, porque como em muitas áreas de negócio também aqui imperam os franchisados.

sábado, 3 de maio de 2008

Todos são escritores e tudo são assuntos de interesse para um livro

Hoje em dia todos são escritores e tudo são assuntos de interesse para um livro.
è inacreditavel como o português está a adoptar o vicio americano, onde qualquer um que tropeça na rua escreve o livro sobre o assunto.

Mas o que me dá mais nos nervos são os livros criados para a manipulação das massas. É de conhecimento geral que para atingir certos fins tem de se começar por conquistar a opinião pública. Também se sabe que vivemos em democracia e com total liberdade de expressão, mas não podemos esquecer que a nossa liberdade termina onde começa a de outrém ( vide Constituição da República Portuguesa).

E é por tudo isto e mais alguns detalhes que agora não vêm para o caso que eu sou totalmente contra esses milhentos livros que de repente invadiram as prateleiras sobre a história de Joana, de Maddie, de Esmeralda, teorias sobre a interligação das suas histórias e afins.

Isto para mim é pura propaganda. Pior... é uma propaganda desprezivel.
A mim não me interessa saber a vida do sargento e o que ele sente sobre todo o processo judicial, não me interessa a sua vitimização, os seus ares de grande patriota e grande pai.
Tudo isso é para mim irrelevante... porque por muito que vendam estes e outros livros do mesmo género, e não me venham com falsas modéstias e desculpas, nada disto é para beneficio das crianças objecto de estudo nessas publicações.

É puro Markteing. Uma cruel forma de explorar ainda mais estas crianças cujos sentimentos e interesses não são discutidos, ouvidos ou mesmo tidos em atenção.

Criticam tanto a Maria das Dores, mas no fundo o objectivo destes Pseudo escritores é o mesmo...aparecer nas revistas, ser famoso, ser mediático a qualquer preço. Mesmo que esse preço seja a inocencia das crianças ou a difamação pura e simples da imagem de um qualquer personagem..... mas isto já será outro tema.