quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Incoerências no mundo da educação

I – Perspectivas de empregabilidade
As manifestações multiplicam-se, os gritos, as suplicas por atenção, a indignação forçada ( ou não ) pelos lobbies dos sindicatos, mas o que os professores se esquecem é que em período de crise nem se deveriam queixar de nada.
Há alguns meses manifestavam-se pela má qualidade dos estabelecimentos de ensino e da precariedade de postos de trabalho, hoje que os têm, queixam-se das condições. Pelos vistos outro defeito desta classe é a falta de memória.
Sugestão: quando forem a uma cadeia de fast-food, questionem aquele que vos serve qual o curso superior que tem. E se este referir ensino, questionem se se importava de ser avaliado? A resposta só não é óbvia para os obtusos com palas nos olhos que pensam apenas no seu umbigo.
II – Défice de atenção
A grande reclamação dos resultados obtidos das manifestações, por incrível que pareça, não é a inexistência de recuo do governo, mas sim a falta de cobertura efectuada pela Comunicação social.
Reclamam que passa mais tempo a dar futebol e filmes do que a cobertura de manifestações. Sim, porque o comum dos mortais o que deseja realmente é passar um dia sentado no sofá a ver um grupo de Ignorantes ( ver texto IV) aos berros e a impedir o transito da capital.
Afinal o que os professores querem, não são melhor condições, mas sim mediatismo. Isso explica muita coisa ?
Sugestão: inscrevam-se em reality shows ou nos “Morangos com Açúcar

III – O profissionalismo acima de tudo
Noticia do dia: professores ameaçam greve e com esta o atraso na publicação das notas.
Claro que aqui o intuito dos professores deve ser a protecção dos alunos em época de Natal, para que estes não sejam castigados pelo mau desempenho no 1º trimestre. Não?!
Pois ... seria pouco provável mesmo. Porque se os professores não se preocupam minimamente com a qualidade do seu trabalho, com as ideias que transmitem aos alunos, com o rendimento dos mesmos, logo não se devem importar se estes chumbam ou não. Querem sim receber o ordenado no final do mês sem se cansarem muito.
Para quê? O problema da educação em Portugal é a Ministra, é a burrice dos alunos e nunca a qualidade dos educadores que muitas vezes entram em sala, lançam pedaços de folhas A4 ( note-se pedaços, nem sequer a folha completa) aos alunos, para preenchimento de exercícios e a correcção fica ainda ao encargo da pro actividade dos alunos e á troca de informações entre si.
Sugestão: Podemos, como pais preocupados, solicitar um avaliação a este tipo de professores? AH! Pois é?! É isso mesmo que eles não querem. Porque será?

IV – A qualidade acima de tudo
Na parca cobertura ( segundo os professores) dada as manifestações de professores, são feitas entrevistas com os próprios. Grande Erro.
Se estão a reclamar a avaliação e a crueldade do método, o melhor primeiro é aprender a construir frases e a expressa-las em português correcto. A maior parte dos entrevistados parecem personagens da TV Rural a falar. O sotaque pode não se conseguir evitar , mas a construção da frase, o contexto e a forma como a verbalizam deviam ser cuidados, pois estamos a falar com professores – os responsáveis pela educação de futuras gerações. Se nem falar sabem como podemos confiar nos seus ensinamentos?
Como podemos confiar nestas pessoas para se aplicarem, estudarem todos os dias, aprofundarem conhecimentos e estarem ao nível que se deseja num educador?
Sugestão: Avaliação de conhecimentos. Avaliação de competências. Os pais querem segurança garantida na educação dos seus rebentos, não querem falta de vocação e preparação.

V – A isenção
Outra reclamação bastante repetida é a do facto da avaliação ser efectuada por colegas professores e que muitas vezes não são da mesma área?
Esses colegas, certamente tem competência para tal, possivelmente foram avaliados e aprovados para o efeito.
E porque tem de ser da mesma área? A consolidação de conhecimentos aqui é secundária ao comportamento em aula. Primeiro aprendam a falar, depois aprendem a manter uma aula coesa e atenta e por fim dediquem-se ao passar de informação. Não se pode passar para a 3ª fase sem antes passar pelas bases.
Sugestão: Preferem ser avaliados pelos encarregados de educação? Vejam lá. Pensem Bem.

VI – Manipulação de massas
Voltando um pouco atrás , frisamos o facto de os manifestantes quererem mais audiências. E como não as obtêm através da manifestação têm de providenciar outros métodos de “dar nas vistas”.
Nestas situações ocorrem teatros vergonhosos como o da Escola Secundária D.Dinis, onde os “alunos” manifestaram o seu desagrado contra a ministra.
Qual desagrado? Quando questionados sobre o que estariam ali a reclamar, metade dos alunos não respondeu e a outra dividiu a sua opinião entre “o professor deixou-nos sair da aula para vir ver o que se passava” e “viemos para estar com os nossos colegas”.
Pergunta: Quando se questiona um adolescente se quer ficar na sala de aula ou sair, qual a resposta que se espera?
Quando se é responsável e se tem autoridade sobre uma turma, não se sugere se querem sair a meio da lição, a não ser que se tenha segundas intenções. Depois não digam que não estão a manipular os alunos, se não o quisessem fazer, não permitiam o abandono da sala de aula.
Sugestão: Querem impressionar a opinião pública, então trabalhem. Isso sim seria uma novidade. Não façam greves em vésperas de feriados, fins de semana e férias. Façam o vosso trabalho com rigor e não terão nada a temer da avaliação efectuada pelo ministério.
Toda a população, em todas as áreas tanto do sector público como do privado, são avaliadas constantemente. Dessa avaliação continua resultam tanto progressões de carreira como despedimentos, mas isto só depende da prestação dos avaliados.
Porque se julgam os professores, mais do que os outros para não serem alvo de avaliação... Eles que são um dos elos de maior responsabilidade na evolução de um ser humano em formação Social e cognitiva.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A culpa é sempre dos professores


O telemóvel toca dentro da sala de aula, o professor impõe respeito e tira o mesmo ao aluno. O professor é mau, a culpa é do professor.
O professor para impor respeito na sala de aulas e depois de vários avisos coloca o aluno na rua. Á hora da saída é espancado pelo pai do aluno. O professor foi incorrecto, a culpa é do professor.
O aluno tem más notas durante todo o ano e chumba. Os pais estão admirados com o facto. O professor não fez bem a avaliação, a culpa é do professor.
O Director de turma liga aos encarregados de educação da criança e avisa que a mesma não está a ter um bom rendimento escolar e aproxima-se o fim do 1ª trimestre. Os pais não vão á escola saber o que se passa. O professor deve ter-se enganado, a culpa é do professor
Os alunos durante o recreio espancam outro aluno, o pai do mesmo dirige-se á escola para verificar a situação e é espancado, bem como o seu filho pelos alunos e pais dos mesmos. A culpa é do professor….Esperem neste cenário não há nenhum professor envolvido. Ah. Tudo bem! O professor não agiu. O professor é mau, a culpa é do professor.

Conclusão: A criança é mal educada, violenta, atende o telemóvel dentro da sala de aula, tem mau aproveitamento e acaba por chumbar o ano e a culpa é de quem mesmo??

Do professor? Não me parece.
Da criança? Em parte, sim. Não se aplicou, não estudou, não foi educada.
Dos pais? Absolutamente. Afinal quem dá a educação, quem dá as bases e ensina comportamentos? Quem oferece os telemóveis a crianças muitas vezes sem idade para os ter e permite que os filhos os tenham ligados durante o período de aulas? Quem dá exemplos de violência ( mesmo que ocorram na TV) e não pune a sua imitação.

Tem sempre que haver um bode expiatório, mas na educação e formação de uma criança não há como fugir. O professor é apenas e só obrigado a ensinar a criança segundo os manuais escolares e prepara-la intelectualmente. A educação da mesma pertence aos pais daí a expressão – Encarregados de Educação – a estes cabem todas as funções inerentes á criação de alicerces de um ser humano capaz de viver e de se comportar na sociedade.

A tradução e legendagem em Portugal


A péssima legendagem que nos é apresentada todos os dias em filmes e séries é gritante. Como é possível que haja tanto erro de tradução e de português e isto é quando se traduz para esta língua , porque na maior parte das vezes quem está a ler legendas tende até a lê-las já com sotaque brasileiro porque é desse dialecto que se fazem as traduções.

Não é admissível tal situação, mais uma vez se prova a péssima qualidade dos programas de TV. Afinal em que pais estamos? È que, meus caros, mesmo que as legendas já estivessem implementadas com o acordo ortográfico certas expressões que aparecem no ecrã são tudo menos portuguesas.

Quando é se começa a reparar nestes pequenos “nadas”, nestas pequenas falhas que podem levar ao assassinato da nossa língua mãe? Quando começamos a prestar mais atenção á educação em si e menos a questões pessoais de professores ou questões de integração de estrangeiros?

Que as traduções de títulos e textos de filmes já era péssima, todos aqueles que entendem o mínimo de inglês já o sabem. Que se perdem piadas e trocadilhos também já se sabia, mas esta situação foi-se degradando um pouco mais a cada mês e ano que passa. Cada vez há mais filmes e piores tradutores. Será assim tão difícil?? Eu acho que não, e o exemplo disso é facilmente verificável.

Recuando alguns meses, relembramos as entrevistas de TV feitas á porta de livrarias onde crianças de 6º ano de escolaridade esperavam ansiosas pelo lançamento do último livro do Harry Potter, na sua versão original. E aqui a noção chave é certamente 6º ano de escolaridade, crianças que frequentam pelo 2º ano da sua vida aulas de inglês. Algumas quando questionadas do porque da leitura em inglês respondiam que não conseguiam esperar seis meses pela tradução para português além de que seria um óptimo exercício.

Conclusão: se uma criança de 11/12 anos consegue ler e compreender um texto destes, será que um tradutor profissional não consegue?

Mas também aqui fica um grande sentimento de orgulho para com estas crianças e seus pais que apoiam este tipo de acção, pois só prova que são criaturas com o mínimo de educação e gosto pela aprendizagem ( mesmo que misturada com um hobbie, com o prazer da leitura). Eu também não esperaria seis meses por uma péssima tradução.
Aliás não esperei mesmo e também não sei porque razão reparei nas legendas e reclamo das mesmas, porque há anos que não as utilizo. Mas eu e estas crianças não representamos a maioria da população que tem direito a ler com qualidade na sua língua natal seja que livro ou que programa de TV for.

Aquilo que nos é oferecido diariamente não é admissível e ponto final.

No seu supremo interesse…


Ultimamente, e mais do que nunca os portugueses estão familiarizados com a expressão “ no supremo interesse da criança”. Sabem o que significa, o que esta expressão defende mas quanto á prática, para não variar, nada se faz.

Há poucos dias passou na TV a reportagem sobre maus tratos a crianças, com esta análise televisiva aqueles que o não sabiam, passam a saber que em Portugal bater no próprio filho é crime. Quanto a este tema á muito para falar, mas na minha óptica á maus tratos piores, como por exemplo os abusos verbais.
Os abusos físicos deixam na criança marcas visíveis e denunciáveis , deixando assim ao critério de terceiros a possibilidade de agir, mas mesmo assim são marcas que tendem a passar com o tempo enquanto que nos abuso verbais as marcas são eternas e invisíveis a terceiros.

Nos dias que correm podemos ver todos os dias as preocupações que há com casos de maus tratos físicos, de situações de bulling *, de abusos nas praxes, de abusos nas salas de aula, tudo isto pode muito bem ser indicativo ou causa de traumas de infância. O que não se fala é do abuso psicológico que muitas crianças e pré-adolescentes sofrem dentro das quatro paredes do seu lar.

Agressões induzidas pelos pais. muitas vezes inconscientemente, muitas vezes causadas pela exaustão e stress do dia a dia.
Expressões como “ não vales nada”; “ se não estudares não serás ninguém na vida”; tens mau gosto” vestes-te mal”; “onde foste buscar esse cabelo” etc, serão as mais comuns e se repetidas todos os dias afectam o crescimento e a auto-estima da criança.

Mas pior do que todas estas agressões são aquelas que ocorrem num cenário de divórcio, exactamente no cenário berço da expressão “no seu supremo interesse”.Aqui os pais não hesitam em usar os filhos como arma e escudo contra o adversário – o futuro ex-cônjuge.

Neste cenário é frequente verificar a criança em estado de pânico porque durante os meses que dura o processo e posteriormente ao mesmo são bombardeados de mentiras, histórias e informações muitas vezes impróprias para a sua idade sobre o progenitor ausente.

Esta tendência verifica-se com mais frequência no progenitor feminino.Pode inclusivamente ser detectado mesmo antes da situação de separação. Quantas vezes não assisti-mos já a brigas conjugais onde a mãe ameaça sair de casa com a criança se o pai não fizer o que ela deseja? Não é uma chantagem assim tão rara como se imagina pois não?
Mais tarde e durante a separação assistimos a situações como “ não gostes do pai porque é mau e foi embora “ ou o pai tem uma nova namorada não gostes dela” ou pior ainda “ o pai tem uma nova namorada e agora só gosta dos filhos dela e tu és nada”.
Posteriormente ao divórcio temos pérolas como “ então o teu pai não te veio buscar, deve estar com a outra”, “deu-te uma PS III, deve ser para compensar a sua ausência ou para mostrar que é mais do que eu.” ou “se eu sou má e gostas mais da namorada do teu pai do que de mim, porque não te mudas de vez para casa deles”.

Mas o que é isto? Sabem bem que não estou a extrapolar nestes expressões, possivelmente estou até a ser bem, suave nas mesmas. Agora pergunto eu, onde está o bem da criança aqui? O Seu supremo interesse? E onde está aqui a intervenção do estado ou dos pedo – psicólogos ( que nos últimos anos nasceram tipo cogumelos por todo o lado)?

Isto sim é abuso. Isto sim causa traumas irreversíveis e isto sim vai moldar um futuro muito negativo para a criança.
O divórcio é uma fase traumática para os pais, mas acima de tudo é o para os frutos do casamento que se vêm como que num campo de ténis a ser jogados de um lado para o outro, a serem magoados no mais intimo dos seus sentimos.
Já não basta verem a sua vida quotidiana a ser abalada ainda têm de ver os alicerces da sua educação desabar e o mais puro dos sentimentos que conhecem – o amor paternal – a ser transformado numa arma de chantagem emocional.

Onde está aqui a figura paternal na verdadeira essência da palavra? Será realmente verdade que criamos monstros? Se nos revimos nos exemplos deste texto a resposta é sim…criamos monstros porque no fundo as crianças emitam sempre os pais seja por educação ou por não haver melhor exemplo a seguir.

Comportamento gera comportamento….


*bulling -termo de origem inglesa utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou um grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir o outro incapaz de se defender.

A Educação de futuras Gerações

Quando se acabam os argumentos entra em acção a falta de compostura. O quer dizer da agressão ministra da Educação?
Eu digo que é verdadeiramente lamentável, sejam qual forem as ideologias, as cores politicas ou as nossa opiniões pessoais instigar ou provocar uma agressão nunca é a melhor solução.

“Ah porque foram os alunos” dizem uns…sim e quem os instigou? Quem não os controlou? Quem manipula as suas opiniões? Já ouve alturas em que ouve revoltas de alunos á porta do ministério da educação mas não se assistiu a tamanha baixaria como a da passada 3ª feira.

Eu digo e afirmo, não tenho pena nenhuma dos professores. Ainda ontem assisti a comentários de um senhor que se diz presidente de uma qualquer organização de professores que dizia ser muito difícil ( por exemplo) para um professor de interior ver –se forçado a aprender a trabalhar com o Magalhães. Forçado??? Como forçado?? Todos os meus educadores sempre me disseram que esta função de professor nunca terminava, era feita de muita pesquisa, cursos e conferencias de actualização era algo que nunca estava concluído, mas dai advinha o prazer de se ser professor e moldar as jovens mentes que por eles passavam.

Onde estão agora esses educadores? Esses fantásticos professores que moldaram as gerações até hoje; pelos quais havia respeito e orgulho?

Certamente não estão nestas manifestações?
Até porque estariam a ser incoerentes. Já aceitaram ser avaliados e já aceitaram este modelo e agora tornou-se de repente muito difícil? Não. Correndo o risco de parecer um certo personagem de TV, os professores estão é a demonstrar ser preguiçosos, não querem trabalhar.

Acima de tudo devem honrar o estatuto de professor e fazer o que lhes compete ensinar com qualidade tal como compete aos pais educar com qualidade.
Foi esta a profissão que escolheram e é bom que a façam não para passar o tempo e receber o ordenado mas sim porque gostam do que fazem, se assim não é há por ai muito hipermercado e contact center a necessitar de empregados e acima de tudo abrem mais vagas para aqueles que sabem o que querem e aceitam ser avaliados e, talvez os 1400 professores avaliados como Bons/Muito bons multipliquem.

E é esta multiplicação que se quer ver, ou pelo menos eu quero ver, porque não aceito que um filho meu não seja convenientemente ensinado , que não tenha bases ou mesmo seja passado por favor, como tantos são porque o professor não quer ter trabalho com ele no ano seguinte.
Para isso também os pais tem, de contribuir, pois começa em casa a preparação para a estabilidade na sala de aula. Na função dos pais inclui-se o estimulo pelo respeito á entidade do professor, bem como o mínimo de educação ( como por exemplo na utilização de telemóveis na sala de aula).

Todos neste momento, deveríamos esquecer antigas quezílias ou pseudo-traumas de infância e apostar naquilo que verdadeiramente importa – a Educação das futuras Gerações.

Deixo ainda no ar varias perguntas:

1) Se todos nós , todos os dias nos superamos e aprendemos algo novo, em vários campos da nossa vida, será assim tão complicado adaptarmos-nos as novas tecnologias?
2) Somos assim tão egoístas que não queremos dar uma 2ª oportunidade a quem não teve uma 1ª e agora pretende evoluir ( ao contrario dos professores) e aqui estou a referir-me a alunos das novas oportunidades?
3) Vamos lutar pelos professores ou pela qualidade e futuro dos nosso descendentes?
4) Em época de crise vamos lutar pelo bem futuro dos nossos descendentes, ou deixar andar e eles que se eduquem sozinhos com os “ bons” exemplos que são os computadores, consolas, séries de TV e os amigos?

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Quando o aluno supera o mestre... ou não.


Naquela fabuloso mundo que são os transportes públicos observam-se as maiores pérolas de sapiência popular.
Hoje tive a oportunidade de presenciar , tal David Attenborough, a progenitora em plena acção de educação das sua cria. No intuito de distrair a criança durante ao longo trajecto de autocarro a progenitora propõe jogar ao jogo dos animais ( jogo onde basta dizer o nome dos mesmos) e de imediato começa a maratona.
Até aqui tudo normal, até que a cria diz “ ornitorrinco” e a progenitora responde “ isso não existe”, “estás a inventar”.
A reacção de qualquer pessoa minimamente inteligente ao observar esta cena e ao ouvir tamanha barbaridade foi enviar um olhar mortal nº 30 á referida progenitora, mas ninguém se lembrou de a corrigir.
Mais uma vez a minha maior duvida surgiu no fundo da minha mente, será que todos temos capacidade para ser pais e educar uma criança? Depois desta demonstração a resposta é claramente, Não.
Como é que é possível não saber o nome de um animal e posteriormente ainda ralhar com a criança e apelidá-la de mentirosa. Hoje em dia a preocupação generalizada é não bater nas crianças para não as traumatizar, no entanto permite-se este tipo de abuso psicológico e educativo.
Já é hábito o ser humano não admitir as suas falhas, erros ou dúvidas mas no que toca á educação das nossas crianças temos de ser um pouco mais humildes e reconhecer as nossas duvidas e limitações, de forma a superar essas mesmas lacunas e aprendermos para mais tarde ensinar aos nossos descendentes. Há que ter sempre em conta que a aprendizagem é um processo que nunca será terminado pois todos os dias nasce algo novo.
Por isso a dica do dia é mesmo eduquem-se, leiam, cultivem-se e façam desta forma florescer o futuro das crianças.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

São todos Inocentes até prova em contrário...ou não!

Há alguns dias atrás os jornais revelaram a entidade de um gang brasileiro que operava em Portugal, de imediato se faz ouvir a indignação do embaixador brasileiro para quem esta noticia é rácica e difamadora.
A quem pretende este senhor atirar areia para os olhos? Quem pretende ele enganar ao solicitar que não sejam divulgadas as nacionalidades dos criminosos? Que tem ele a esconder?
Teme este personagem que se tome a parte pelo todo, que se veja na atitude deste gang a atitude e a forma de estar de todos os imigrantes brasileiros. O que este embaixador pode ainda não ter percebido é que nesta altura do campeonato todos os portugueses já formaram a sua opinião sobre a comunidade Brasileira e não se deixam influenciar pela comunicação social.
Apesar de o português ser um povo acolhedor é também um povo muito desconfiado. Desconfiou da imigração dos povos de Leste e da comunidade chinesa mas estas nunca deram motivos para criticas ou desconfianças e o português começou a adaptar-se e a aceitar estes novos vizinhos. O mesmo não se passou com a comunidade brasileira que não se adaptou á estrutura existente.
O português que recebeu de braços abertos este “povo irmão” que nem terá a barreira da língua a dividi-los, que abraçou o povo das novelas recebeu em troca apenas desprezo. Um povo que imigra não pode tentar anular ou fazer sobrepor a sua cultura á cultura do povo que o recebe. Deve adaptar-se suavemente, integrar-se e não tentar replicar o seu pais de origem, pois foram certamente esses actos que tentam copiar que tornaram o pais de origem num sitio do qual fugiram por falta de condições.
Não é uma questão de ser racista ou não, é uma questão de consciência da realidade que nos rodeia. Basta andar de transportes públicos e ouvir os comentários que são feitos pela maioria da população. A opinião já está formada e enraizada no intimo de cada um.
Respondendo ás criticas do embaixador, um canal de TV nacional visitou outras comunidades imigrantes questionando se também achavam a noticia rácica ao que a resposta foi unânime. As comunidades sabem que não se deve tomar a parte pelo todo, admitem que existem pessoas boas e más mas não condenam esta atitude da comunicação social. Quem não deve não teme e estas comunidades sabem que o índice de criminalidade prepretado pelos seus conterrâneos é mínima.
Numa outra perspectiva ainda podemos questionar o embaixador brasileiro se se deve tratar os imigrantes de forma diferente da dos portugueses? Se se revela a nacionalidade e até a identidade de criminosos portugueses, porque não revelar de todos? Fazer distinção isso sim seria uma atitude xenófoba.
Enquanto escrevia este texto uma nova polémica estalou, Paulo Portas apresentou na Assembleia uma proposta de expulsão de imigrantes que sejam julgados e condenados por algum crime.
Este deputado apresentou números chocantes. A percentagem de condenados estrangeiros a serem sustentados nas prisões e que mais tarde recebem subsidio de re-incersão social aumentou de 10% para 20% nos últimos anos. Ora faz todo o sentido que em vez de se desperdiçar dinheiro ( que em tempos de crise é precioso) se expulse para a sua terra natal os criminosos.
Não é uma questão de racismo mas sim de sobrevivência, é uma questão de politica interna de protecção dos interesses dos portugueses e é este o objectivo dos nossos representantes.
As politicas podem nem sempre ser lineares ou coerentes aos olhos do povo. Pode haver discursos de rua que dizem que são todos iguais e só querem dinheiro no bolso deles, etc...mas a realidade é que quando uma decisão é polémica, vai em frente e é instaurada todos mudam de ideias e apoiam a mesma, mais não seja a longo prazo quando começam a ver os resultados.

Mais uma vez friso, esta não é uma questão rácica é uma questão de sobrevivência, de defesa de um pais.Por alguma razão outra noticia do dia ( agência Lusa) revela que os portugueses manifestam falta de confiança na segurança do país, e que este sentimento duplicou nos últimos seis meses.
Mais argumentos para quê?!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O programa da Lucy


Mais uma vez se demonstra a falta de qualidade dos programas da TV nacional. Mais uma vez aparece na nossa grelha de programação um programa dito infantil do mais impróprio e estupidificante possivel.


Chamem-me retrógrada mas para mim programação infantil deve ter desenhos animados, curiosidades e passatempos adequados á idade das crianças que nele participam e que a ele assistem. Também convinha ter uma apresentadora vestida de forma adequada e com uma boa dicção.
Se recuarmos alguns anos, lembramo-nos concerteza do programa Buérere( programa esse que o actual também tenta imitar ) também nessa altura se criticava a indumentária da apresentadora, mas não se pode negar que o programa era vocacionado para as crianaças. Tinha bonecos animados em regime de co-apresentação, passatempos adequados, musicas chamativas e também estas adequadas e acima de tudo educativas para os mais novos ( quem não se lembra da música do AEIOU).
Há que dar emprego aos nossos artistas, mas também há que ter noção daqueles que tem ou não talento e tem ou não vocação para apresentar um programa infantil. A coordenação de programas deveria ainda advertir para o tipo de questões que são colocadas ás crianças nos passatempos, nivelar as mesmas a nivel de idades e conhecimentos adquiridos , bem como se perceberam as mesmas ( dado que o vocabulário e dicção da apresentadora nem merece comentários).
As piadas politicas encarnadas por criancinhas vestidas de Einstein e com nomes como Sócrates ou Carrilho também são desnecessárias, 1º porque as crianças não percebem as mesmas, 2ª porque os pais não vêm este tipo de programação e mesmo que vissem, qualquer pai com “dois palmos de testa” já teria certamente mudado o canal nesta altura.


Finalmente quanto á indumentária da apresentadora.... O melhor é ilustrar:
Pergunta de um Pai ao filho de ¾ anos, num café : Então gostas do programa da Lucy?
Resposta: o que eu gostava era que ela tira-se o soutien para lhe ver as maminhas.
Palavras para quê? Por alguma razão quem quer apresentar programas infantis tem de ter ou parecer ter uma imagem imaculada.

A estupidificação

Com a chegada de Setembro e do Outono chega também o regresso ás aulas. Ansiosas ( ou não) as crianças e adolescentes voltam á escola, contam as proezas das férias e renovam conhecimentos e amizades.
É o regresso á educação ou será á estupidificação?
Na televisão passam anúncios destinados aos jovens no seu regresso ás aulas que são absurdamente estúpidos. Todos sabemos que a publicidade visa chamar á atenção do seu público alvo, mas neste caso estão a falhar redondamente. Os protagonistas destes anúncios não correspondem á nossa realidade social. São criaturas que caíram ali de pára quedas, com roupas e penteados que apenas a minoria usa, com linguagem que tenta assemelhar-se a uma linguagem jovem, mas que é totalmente inadequada.
Das duas, uma ou os anúncios visam apenas essa minoria de crianças designadas pelos restantes como “betinhas” e que vivem confortavelmente em casa dos papás e não precisam de mover uma palha para obterem tudo o que querem, como por exemplo os PC portáteis do programa e.escola ( espero que não seja esta a opção pois é claramente uma demonstração de discriminação) ou devem realmente contratar outra empresa de publicidade porque esta falhou.
Existe ainda uma terceira opção....o publicista também trabalha para a TVI e decidiu colocar os “Morangos com açúcar” no anuncio, o que também não é uma boa opção visto estes já não atingirem os objectivos das primeiras séries. Pelo contrário, a cada série que passa os hobbies, escolas, roupas e personagens se afastam mais da realidade do nosso pais...só a história não muda, mas parece que ainda ninguém percebeu essa parte.
Este é o momento ideal para uma tomada de atitude por parte dos pais. Esquecer essas novas teorias de que ralhar, dar umas palmadas ou contrariar as crianças é traumatizante. Olhem para vocês mesmos...Estão traumatizados? Não?! Mas levaram uma ou outra vez uma palmada ou um ralhete, certo? Pois... I rest my case.
Não queremos, ou pelo menos eu não quero viver numa sociedade rodeada de crianças pedantes, que mandam nos pais e fazem tudo o que querem sem olhar a meios. Não quero viver numa sociedade de cabeças ocas, que não pensam por si e imitam ídolos faciosos. E muito menos quero viver numa civilização onde as crianças já nem sabem escrever á mão porque todos tem PC portáteis e levam os mesmos para as escolas para tirar apontamentos.
Chega o momento de se colocar um travão,não á evolução ou ao contacto das crianças com a inovação mas sim ao tipo de educação que damos e ao tipo de pessoas que queremos criar. Não vamos criar uma geração desprovida de valores e inspirada apenas em ídolos fictícios que não existem senão na imaginação de argumentistas de TV que certamente nem filhos têm.


Vamos investir na Educação e não na Estupidificação da futura geração.

As opiniões são como as......


Está escrito na constituição que todos temos o direito de nos expressar livremente, mas há pessoas que mais valia estarem caladas.
Já reparam que quando nos cruzamos com conhecidos dos nossos pais a conversa é sempre a mesma?? Estás mais magra! Estás mais gorda! Esse corte de cabelo fica-te mal! Que fizeste á postura que tinhas, etc, etc,etc...
AAHH!! Só dá vontade de gritar com estes indivíduos. Será que não percebem que há coisas que não se dizem? Principalmente se o dizem ao género feminino.
A mulher tem pleno conhecimento do seu corpo, se engordou ou emagreceu e não precisa que o apontem até porque raramente este tipo de comentário é interpretado positivamente. Porque não ficam calados ou falam do tempo ou mandam beijinhos para os papás, porque tem de opinar? Para além de que os próprios também não estão no seu melhor, mas a nossa educação não nos permite dizer “Ena pá ‘tás velho , que tal um cremezinho de retinol ou mesmo um botox, não”.
Será que com a idade adquirimos o direito de fazer comentários parvos e não receber respostas idiotas de troco, ou será que o envelhecimento começa por nos afectar o bom senso e o discernimento entre correcto e incorrecto ou conveniente e inconveniente?
Seja como for, aqui fica um apelo, não façam comentários parvos na cara das pessoas guardem-nos bem guardados na vossa mente. Por haver tanta gente por ai a falar sem peso e medida é que temos grandes problemas sociais e por isso temos tanto adolescente e pré adolescente em estados depressivos e a enveredar por caminhos de droga e distúrbios alimentares tentando obedecer a padrões esteriótipados criados por uma sociedade que deveria ver-se mais vezes ao espelho.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

“ A verdade a troco de dinheiro é prostituição”

Hoje ( 16.09.2008) o editorial de um jornal gratuito surpreendeu-me pela positiva. É certo que já tinha lido vários editoriais da mesma autoria, mas este está excelente.
Finalmente alguém chama as coisas pelo nome. É vergonhoso a forma como programas como o novo “ momento da verdade” vende e quem neles participa se vende aos média.
Todos desejam os tão falados 15 minutos de fama, mas é ridículo tudo o que se faz nesse sentido. Mais ridículo ainda é as televisões passarem esse tipo de programação e o facto das audiências serem estrondosas.
Será que o povo português é assim tão básico que perde o seu precioso tempo a dar atenção a estas demonstrações tão bem denominadas de hipócritas pelo editorial supracitado? Qual será o prazer que advém de assistir a uma humilhação pública de um total desconhecido?
Tenho plena consciência de que somos e continuaremos a ser o “povinho” que pára o transito para assistir a acidentes mínimos e escrutinar a desgraça de outrem, mas tudo tem limites. Ou não?!
Torna-se para mim extremamente difícil ver , inclusive, os telejornais nacionais porque passam horas a falar dos primeiros dias de aulas da Esmeralda, da bota de ouro do Ronaldo, ou da indemnização do Pinto da Costa e no final passam a correr noticias que são verdadeiramente interessantes e de alguma importância.
Continuo a questionar-me porque somos um povo tão básico. Será falta de estimulo para as coisas verdadeiramente interessantes? Será o desinteresse típico, o famoso “deixa andar”? Ou a preocupação do nosso Presidente da República e a definição de uma “ nova meta para o futuro” vai ser bem mais difícil de atingir do que se pensa inicialmente pois continuamos a ter um povo maioritariamente analfabeto e/ou iletrado que se deixa cativar apenas por este tipo de “circo de vaidades”?

Uma "meta para o futuro”




"É preciso mobilizar todos, unir todos em torno de uma grande ambição, de uma meta para o futuro(...)”. Foi o caos, o drama, um escândalo o momento em que o Presidente da República - Aníbal Cavaco Silva - defendeu o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, considerando-o como "fundamental para o desenvolvimento e progresso" do país.

Para além de todas a benesses educacionais esta medida servirá de preparação para um mundo cada vez mais globalizado e para uma maior integração na União Europeia. Foram ainda evidenciados estudos que revelam que os salários dos trabalhadores que concluíram o ensino secundário são "significativamente mais elevados" dos daqueles que apenas completaram o ensino básico.

Afinal qual é o problema? Qual a causa de tanta indignação por parte do povo? Porquê tanto drama? Será que o conhecimento é considerado uma doença?

Todos os dias se ouvem reclamações porque “isto está mau”, o ordenado mínimo nacional é uma miséria, o desemprego aumenta e ninguém faz nada. Mas para que algo evolua e para que as medidas implementadas pelos estados funcionem há que haver reciprocidade. Não nego que o estado das coisas estejam péssimos, mas também não posso ignorar que já foram tomadas medidas e que as pessoas não estão ou não querem estar informadas sobre as mesmas.

Será que é do conhecimento comum que pessoas cuja escolaridade obrigatória não foi concluída e que se encontram no desemprego podem usufruir de cursos que lhes dão equivalências ao 9º ano e tornam funcionários qualificados? Que estes indivíduos recebem subsídios de alimentação, transporte e o subsidio de desemprego?

Quantos não dariam para que isto lhes acontece-se ? Ser pago para estudar, para ter a oportunidade de se cultivar, evoluir, qualificar e ter a hipótese de almejar uma melhor posição no seu local de trabalho, uma vida mais confortável. E saber que estas oportunidades são recusadas por preguiça, desleixo ou comodismo.

Temos por outro lado as criticas á educação, aos professores e ás reformas, mas estes são as mais importantes de todas as alterações. Como ensinar algo actual se o manual estiver desactualizado? Como educar se os próprios professores não tem bases, paciência, vocação e não renovam os seus conhecimentos? Porquê birras, manifestações e ameaças por parte dos professores? Não seria do seu interesse serem avaliados, serem reconhecidos pelos seus conhecimentos e capacidades educativas? Não será benéfico que os seus erros sejam apontados para serem corrigidos e desta forma atingirem melhores e maiores resultados? Ou a Classe dos professores acha que é infalível e superior aos restantes e não admite apontamentos e correcções?

Sinceramente se queremos evoluir, ter bons resultados, bons alunos temos de ter excelentes docentes, manuais actualizados e acima de tudo vontade de partilhar o conhecimento adquirido.

As crianças devem ser motivadas para a aprendizagem e não confrontadas com docentes de ar aborrecido, debitando monocórdicamente matéria.

A educação está acima de tudo, todos concordam neste ponto e existe um preço a pagar, mas esta factura deve ser considerada um investimento e nunca uma futilidade.

A palhaçada continua

Grande Noticia do dia, num dos jornais diários nacionais: A Esmeralda foi eleita delegada de turma.
“A menina que começou este ano a sua escolaridade já é o centro das atenções dos colegas, todos gostam dela e ela está muito contente. O único receio dos pais reflecte-se em possíveis comentários dos alunos que podem “mandar bocas” que ainda que inocentes poderão afectar o seu bem estar psicológico da menina”.
Oh poupem-me a dramas. Continuam a dar atenção a esta tristeza de história que já devia estar mais que encerrada. O que pretendem desta vez? Que o livro do sargento seja eleito manual escolar??
Todas as crianças em algum ponto da sua vida começam a frequentar a escola, todas podem ou não fazer sucesso entre os colegas e ser ou não eleitas delegadas de turma ( o que é irracional na 1ª classe, mas enfim) e todas passam por brincadeiras e “bocas” por parte dos colegas, logo qual é o problema extra desta criança que as outras não tenham?
Resposta: Uns pais que abusam da filha. Não são os colegas que vão afectar psicologicamente a criança, são as atitudes dos pais que desde o inicio da história desejam protagonismo e não exitam em sacrificar a filha aos média para obterem o que desejam. Como é que é possível que hipocritamente dizem lutar pelo bem estar da filha e depois expõe até o 1º dia de aulas?
O como é que ainda se vendem jornais com estas histórias? É uma ofensa matar um árvore, gastar rios de tinta e papel nesta história miserável.
Será que não ouviram falar de outras situações realmente importantes como a falência do 4º maior banco de investimentos dos EUA, naquela que é a maior crise económica desde 1929 e que realmente valem uma folha de papel de jornal.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A louca maratona de Setembro


Setembro, mês de regresso do Outono, do regresso de férias e do tão temido regresso ás aulas.
É a época de pânico para os pais, de excitação para os jovens alunos de tédio para os adolescentes e o paraíso para os comerciantes. Nesta época o que não falta são caixas de correio atoladas de folhetos publicitários o que contribui ainda mais para a disseminação da loucura.

Ainda agora se deu o regresso de férias e já se sente o stresse no ar, os ares de preocupação dos pais face aos preços dos materiais e os das crianças ao verificarem que o caderno A4 do Noody está esgotado.

Mas o pior é a corrida aos supermercados, as horas gastas nos corredores do material escolar seja a que hora for. Os pais fora de si, crianças a berrar e chorar pelos materiais adorados e cujos preços foram hiper-inflacionados por um simples desenho na capa, as mentiras do tipo “ o meu pai disse que era para comprar este que é melhor” ou “a professora quer desta marca”. Mas uma vez vimos como o mundo do consumismo afecta cada vez mais cedo as crianças e como este consumismo e globalização de personagens as educa rapidamente de forma negativa.

Sim também o material escolar educa negativamente as crianças. Como já se viu o simples desejo de um objecto faz com que tenham atitudes mal educadas e animalescas por vezes. As crianças gritam, esperneiam, mentem para obter o objecto do seu desejo.

Por outro lado temos os desenhos e as marcas. Para os adolescentes tudo o que importa é a marca da mochila, porque o caderno será preto para dobrar e colocar bem no fundo da mesma, por baixo de todo o material que realmente interessa para as aulas, como o i-pod, o telemóvel e quem sabe um livro de BD.

Para os mais novos são os ícones da TV que contam e dependendo da faixa etária temos os apaixonados pelo Noody e os aficionados pelos personagens da Marvel ou pela Luta livre. E aqui se prende uma das minhas questões. Será que ao comprar-mos para os nossos filhos todo o tipo de material ( não só escolar) destas figuras violentas, feias e desprovidas de conteúdo os estamos a incentivar ainda mais a ser como elas.

Já não basta a violência na TV, nos jogos de PS ou computador e o volume desmesurado de horas que as crianças passam a ser bombardeadas com violência e ainda tem de a ter latente no seu material escolar. Não provocará este material distracção nas aulas e não incentivará á imitação da violência durante os intervalos??

E por outro lado, pela falta de material com imagem de marca estaremos a vetar as nossas crianças ao ostracismo da restante sociedade infantil?! Para muitos pais este é o maior medo, pois também eles em algum momento da vida se sentiram postos de parte pois não teriam o caderno, o estojo ou a mochila de marca XPTO. Tudo que querem é que a sua cria não fique traumatizada, mas será que já pensaram que tipo de monstrinho fútil estão a criar??.

O que eu vejo nos corredores de supermercado são pequenos ditadores, que não sabem nem querem saber se os pais podem comprar tudo aquilo. Querem porque querem e mais nada e, aí de quem lhes diga não, porque vão berrar, espernear e morder até o conseguirem. E já aqui começamos a observar o tipo de educação e influências que as nossas crianças vão ter.

Já aqui as estamos a educar nos meandros da futilidade, das ameaças, da chantagem emocional, na pseudo superioridade social só porque tem algo que outros podem não ter. A escola tal como a educação das nossa crias não é uma brincadeira como muitos imaginam. A educação moral, social, cívica e intelectual está acima de tudo e se eventualmente os nossos rebentos se comportam desta forma é porque já falhámos nalgum ponto e se não tomar-mos as rédeas em breve já não haverá volta a dar.

Obviamente que não vamos ser miseráveis e negar tudo aos jovens estudantes, porque de alguma forma também o material os motiva, mas como em tudo temos de analisar com peso e medida aquilo que realmente é importante.

Não vamos desde a 1ª classe transformar os nossos filhos em pestinhas consumistas e sem noção da realidade.
Vamos abrir-lhes as portas para um mundo novo e não convêm que vão de olhos fechados.

Amanhã é o 1º dia de aulas, o 1º dia de vida no mundo real e não há volta a dar nem para onde fugir.

Cinco Medalhas e uma Bota de Ouro




Já se falou daquela que foi a noticia de abertura dos telejornais no passado fim de semana (13.09/14.09). Também muito já se falou da vitória de Nelson Évora, das declarações polémicas de Vanessa Fernandes e da caminha de Marco Fortes.


Então e já ouviram falar dos Jogos Paralimpicos 2008? E dos 35 atletas que compõem a representação portuguesa em Pequim? E das cinco Medalhas ( 1 de Ouro; 3 Prata; 1 Bronze) conquistadas até ao momento ( 15.09.2008 ás 14.45h Hora de Portugal continental)?
Realmente pouco se houve falar. Os portugueses ainda muito se envergonham de só conquistarem medalhas e méritos em larga escala através dos seus deficientes motores e mentais. Os mesmos que continuam a não ter grandes apoios de estado e dos comuns mortais. Aqueles que ainda são escondidos da sociedade, que tem dificuldades em andar nas ruas, fazer compras ou mesmo arranjar empregos, situações tão banais para o comum dos mortais.
Estes sim merecem que se abra os telejornais com uma noticia sobre eles, pois para além das adversidades quotidianas, superaram a indiferença e desdém das pessoas ditas “normais” e para além das vitórias diárias trabalham, lutam, definem objectivos desportivos e conquistam-nos.
São indivíduos que fazem face ao mundo e vencem ,sem mais tarde se andarem a pavonear pelas revistas e em spots publicitários. Não esfregam na cara de seus pares as suas conquistas, mas sim ajudam-nos a motivarem-se para conquistarem as suas próprias metas. Não gastam prémios em roupas e brinquedos de marca , pois para eles cada migalha é uma bênção e a vida continua a ser mais uma prova a superar....não para vencer mais uma medalha mas sim para sobreviver ao mundo real e ter o direito a viver uma vida com dignidade.
Aquilo que para certos meninos mimados é um bem dado como adquirido e infinito, para outros é uma luta constante contra a opressão de uma sociedade sempre em busca do desenvolvimento mas muito “ esquecida” face a certas necessidades básicas duma ínfima mas importante fracção de habitantes.
Aqui fica então o meu voto de sucesso, em todos os níveis a que se proponham , para estes membros da nossa sociedade.

Incoerências dos EUA


Ano de 2008. Sétimo aniversário do 11 de Setembro. Mais um ano físico se passou e com ele mais um ano de aprendizagem, evolução e conquistas da civilização. Mas há algo que será sempre uma constante, algo com que poderemos sempre contar... O cinismo americano, o antagonismo de valores, as incoerências das suas acções.
Desde sempre convivemos com os EUA, sempre foram um dos personagens principais história mundial, uma personagem aliás omnipresente que se auto intitulou a “policia do mundo” e tem como missão na Terra salvar o mundo de todos o vilões que possam aparecer.
Mas quem define o que está certo ou errado? Os próprios EUA? Com que bases?! Com que direitos?! Com que coerência?!
Como pode uma nação com meia dúzia de anos, apelar a valores mundiais, intervir em crises religiosas, definir fronteiras ou mesmo liderar a distribuição de bens essenciais pelos países ditos de 3º mundo.
Uma nação criada por párias, fugitivos e “pecadores” fugidos da velha Inglaterra pretende ser um exemplo de dignidade, pureza e integridade, mas por muito que se tente disfarçar o passado com grandes feitos e conquistas, este vem sempre á tona e com ele traz tudo aquilo de que nos envergonhámos e sempre lutámos para esconder da remanescente sociedade.
Um pais que foi construído e desbravado por prostitutas, ladrões, fugitivos religiosos e filhos ilegítimos de grandes senhores da sociedade inglesa, tornou-se o supra sumo da evolução tecnológica, da liberdade de expressão, da liberdade ideológica, religiosa e cultural e da tolerância . Nasceu a terra da oportunidade. O american away of life.
Mas qual foi o preço a pagar. Já terá sido totalmente liquidado? E será que é ou alguma vez foi mesmo assim?? Parece-me que não.
A liberdade de expressão foi de tal forma afogada pelo sensacionalismo que até mesmo os “directos” e os “comentários” dos telejornais são previamente elaborados por acessores de imprensa, exímios especialistas na manipulação de massas.
Quanto ás liberdades conotadas com diferença de géneros ou etnias essas são toleradas dentro dos bairros dessas mesmas raças. Estranho... noutra fase da história e do outro lado do Atlântico chamaram a isto guetos que mais tarde evoluíram para campos de concentração e mais tarde deu naquilo que se sabe.
O mais estranho é que também na história americana ( na mesma linha temporal) existiram campos de concentração. Estes supostamente eram dedicados aos descendentes de nipónicos que “poderiam ser perseguidos no seu próprio pais ( EUA) devido á intervenção na 2ª Grande Guerra” e para sua “protecção” foram viver para campos no meio do deserto, em barracões partilhados por ¾ famílias, sem liberdade para sair sem vigilância e tendo sido obrigados a trabalhar em campos e minas, tendo sido obrigados a abandonar (a favor do estado) tudo o que haviam conquistado durante gerações de esforço e luta pelo sonho americano.
Tão grande é a liberdade e a abertura de espírito dos norte-americanos que ainda hoje não houve qualquer presidente que não fosse de raça branca e do género masculino.
São um povo fantástico na medida em que não vêm para além do seu umbigo, são absoluta e totalmente influênciaveis pelos média, tem um elevado nível de analfabetismo e iliteracia. Como se explica que uma apresentadora de TV – Oprah – tenha mais influência do que os próprios políticos. Se Oprah diz salta, o americano salta, se diz para ler o livro X ou ver o filme Y o americano vê, se o americano está gordo e ela manda fazer dieta este pergunta quantos quilos deve perder.
Será que o Bush vê a Oprah? Não seria nada má ideia, talvez aprende-se qualquer coisa, como por exemplo começar a perceber o que está de errado e onde e começar a “curar” os EUA de dentro para fora e não tentar corrigir o mundo de forma a este se moldar ás incoerências norte americanas. Para o Bush talvez seja demasiado tarde, mas para os próximos quem sabe.
Será que os próprios americanos ainda não se aperceberam da sua própria degradação. Será que a divisão em estados os torna ainda mais fechados em relação ao restante mundo? Será que para eles acontecimentos internacionais são os externos ao seu estado? Será que são tão burros e desinteressados como por vezes se vê em entrevistas de rua ( em programas de TV norte americanos)?
A terra da oportunidade reflecte-se onde? Só se for na comunidade judaica que hoje constitui um poderoso lobbie. Porque para todos os que vivem em roulottes – o chamado white trash – ou para aqueles que se vem confinados a guetos, onde apenas convivem com a sua raça e arranjam conflitos e gangs que atacam os bairros vizinhos, ou para aqueles que são olhados de lado pela sua roupa tradicional ( ex: muçulmanos; africanos) ou mesmo para a nova classe social que prospera – os obesos – os EUA são a terra da falta de oportunidade, de desigualdade, de falta apoios e de compreensão.
Quando alguém parte para os EUA a pensar conquistar o sonho americano, pois adora o que vê no cinema e nas séries de TV tem de compreender 1º que aquilo que vê está manipulado e se observar-mos mais atentamente verificamos que muitos dos ídolos que admiramos no ecrã se recusam a viver em Hollywood ou mesmo nos EUA .
Se formos ainda mais longe, podemos-nos questionar quanto aos próprios ídolos e porque os consideramos assim. Pelo que lemos em revistas?? Mas se estas revistas também não são correctas, e a maioria das histórias são inventadas e manipuladas para agradar as massas.
Poderíamos ficar horas a analisar os EUA porque a conclusão seria sempre a mesma: Os EUA não são uma terra de oportunidade, são a terra da ilusão. Não são o lar dos bravos e a terra dos livres, são o lar dos incoerentes , mal informados e manipulados pelos média e propaganda politica e a terra dos livres desde que dentro do seu gueto e enquanto não houver por ai uma campanha publicitária ( ou um caso tipo Maddie) contra essa raça,ideologia ou religião.

A Sara Palin quer assassinar os dinossauros?!




Foi desta! Os americanos bateram no fundo do poço. Enlouqueceram de vez . E a imagem de marca dessa falta de lucidez é a candidata á vice presidência - Sara Palin.
Os elogios não se fizeram esperar. Esta mulher seria a bóia salva vidas do candidato Mcain, a arma secreta contra a mediatização de Obama. Ela é a hipitome da perfeição, boa filha, excelente mãe de cinco filhos, grande patriota, defensora ferrenha da moral e dos bons costumes, uma cristão de corpo e alma.
As reportagens proliferaram. Os anúncios de TV. Já existe a ser comercializada na Internet a boneca Sara vestida de super heroína e de menina colegial. Ela é perfeita, fantástica, ela vai salvar o mundo e.....
Calma! Nem tudo pode ser tão perfeito assim, analisando as ideologias e crenças religiosas desta senhora descobrimos que o plano secreto de Sara Palin é assassinar os dinossauros?!
É verdade, esta super mulher pretende implementar nas escolas a teoria do criacionismo ( Criação do mundo segundo a Bíblia) em detrimento da teoria da evolução ( dinossauros, homens primitivos, enfim evolução).
Mas o que é isto??? Voltámos á idade média? Quem não concordar com a Sra Palin vai arder na fogueira? Será que alguém lhe disse que vivemos em pleno secúlo XXI, que os estados são laicos e as convicções particulares das senhora podem ser muito bonitas mas não se faz politica com citações bíblicas.
Aliás os EUA que são contra extremismos religiosos que lutam contra o terrorismo e perseguem Bin Laden, que tudo o que faz é intrepertar o livro santo da sua religião – o Alcorão - guiar-se por ele e levá-lo a extremos, vão dar o seu apoio a esta candidata?
Será que ainda não entenderam que o fanatismo religioso desta será bem mais prejudicial que as politicas de conquista e agressão de Condalesa Rice?
Quem põe um travão a esta insanidade norte americana? Quem será o verdadeiro super herói americano que vai olhar para o interior do seu país e começar ai a reconstrução de uma nação que perdeu os seus valores e está destruída pela crise económica, pelos fanatismos raciais e agora pelos desastres naturais.
Será Obama, ou este também não será aceite?! Afinal para os brancos Obama é preto, para os pretos é mestiço ( logo é mais branco que preto) e para os cristãos Obama é Barack ( nome infeliz para um candidato)....Olhando para lá do óbvio, será Obama a mistura perfeita??? Pelo menos ainda não ameaçou nenhuma espécie de vida terráquea extinta ou em vias de extinção.

Ode a uma Bota de Ouro

Noticia de abertura de todos os telejornais deste fim de semana: A bota de Ouro foi entregue a Cristiano Ronaldo.
Que se há-de fazer ou dizer?! Nada. Um pais que considera um circo montado na “bimbolandia” para dar mais uma prenda a um menino mimado mais importante do que os acontecimentos mundiais, não é digno de qualquer comentário.
Já o disse mas repito, não são criaturas destas que vão trazer algo de positivo ao mundo. Até o poderiam fazer, se eventualmente usassem os seus talentos para fins de caridade, dessem uma ínfima parte daquilo que recebem todos os meses a instituições que alimentam crianças e idosos desfavorecidos... na mais remota das hipóteses porque não doar a Bota de Ouro ou outros prémios em prol das vitimas de um qualquer desastre natural. Afinal se o que conta é ter o titulo, não precisam de ter o símbolo. Certo.
Os portugueses queixam-se do estado da nação e dos problemas económicos mas alinham neste tipo de palhaçada sem qualquer critica....será que não percebem que tudo não passa de puro exibicionismo e egocentrismo? Seria de esperar que alguém que veio do nada se lembra-se do que isso é, ou não?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A colheita do nabo

A colheita do nabo geralmente faz-se nos primeiros dia de chuva e em plena via pública. Eis que caiem as primeiras e tão desejadas gotas do bem precioso que alimenta a terra e dá nova vida á flora terrestre e nesse preciso momento despontam os já referidos tubérculos.
Um dos passatempos favoritos dos nabos é conduzir e a melhor altura para praticar este hobbie é quando chove. O problema é que para os restantes habitantes deste planeta este hobbie transforma-se numa luta pela sobrevivência.
Não é possível para os comuns mortais andar pelas ruas sem correrem perigo de vida. Se forem pedestres o melhor é terem todos os sentidos bem alerta pois as passadeiras, paragens de autocarro ou mesmo passeios já não são lugares seguros.
E para aqueles que conduzem , não por desporto/hobbie mas por necessidade ou por ser essa a sua profissão então a saida do nabo á rua é pura tortura. O transito fica ainda mais caótico , o denominado para/arranca fica ainda mais lento, as batidas por falta de atenção quadruplicam, as entradas e saídas de rotundas são um absoluto circo e as buzinadelas tornam-se a música de fundo.
Para o típico nabo nada disto é fora do normal. Não consegue perceber o porque de tanta buzinadela, gritos e gestos ofensivos, até porque foram simpáticos e pararam no meio da rotunda para dar prioridade a quem entra ( não é isso que diz o código???); não percebem porque os restantes condutores ficam tão stressados, nem porque os peões também tendem a gritar impropérios.
Para o nabo o dia em que chove e eles podem finalmente sair com os seus carrinhos impecavelmente limpos e sem qualquer arranhão e praticam a sua actividade favorita é um dia perfeitamente Zen....Mas no mundo real a história é outra.

sábado, 30 de agosto de 2008

Onde está a Recepção de Nelson Évora???


Obrigado, Nelson Évora!


Mais uma das incoerências do povo e dos média portugueses. Mais uma exemplo da falsidade e da pobreza de valores do nosso povo.

Finalmente alguém dá motivos de orgulho ao país, esse alguém em directo orgulhosamente agradece ao pais e aproveita a "dica" do jornalista que o entrevista para dizer que o que gostava realmente era de uma recepção no aeroporto como as dos jogadores de futebol.

Até hoje estamos á espera de tal recepção. Será que a maioria dos portugueses sabe que a comitiva olímpica já regressou?!


Mas independentemente disto, aqui o que se deve sublinhar é que quem merece não é realmente reconhecido... para não variar.


Nelson, em nome dos portugueses desculpa mas realmente aqui só interessa aquele bando de nulidades humanas, com roupa de marca, salários exorbitantes e brinquedos topo de gama que não conquistam nada ... mas jogam do "pseudo" desporto rei e isso parece bastar.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vassalagem Intelectual

Porque havemos de ter todos a mesma opinião? Porque tendemos a ser carneiros e fazer nossas as ideias de pessoas que consideramos mais inteligentes ou cultas que nós? Será assim tão difícil sermos intelectualmente livres?

Porque desprezamos a árdua luta dos nossos antepassados pela independência e liberdade de expressão e insistimos em não aplicar as nossas capacidades. Muitos criticam personagens que falam sobre tudo e todos e muitas vezes negativamente, criticam as suas atitudes e opiniões mas contrariar esses comentários, expressarem a sua opinião nem pensar... dá muito trabalho.

Será que já pensaram que ao prestarem vassalagem intelectual a certas personagens, podem nem estar a fazer valer as suas ideias na totalidade. Porque se coíbem ainda as pessoas de usar a sua liberdade de expressão e defender as suas ideias. Podem não o fazer publicamente em artigos de jornal ou entrevistas de TV, mas a opinião individual de cada um é importante e acima de tudo é necessária para a discussão e seguinte evolução da sociedade.

Pensar não é assim tão difícil. Expressar a nossa opinião não é crime. Estimular uma discussão sobre um qualquer tema da actualidade não é um perca de tempo, nem uma futilidade. Por isso aqui fica um apelo ao mundo.... pensem com as vossas cabeça, é para isso que ela existe.

Jogos Olimpicos 2008 – Pequim


Finalmente alguém diz o que deve ser dito. Apesar de ser essa a minha opinião desde o inicio, alguém com alguma legitimidade vem confirmar as minhas ideias.
Vanessa Fernandes, em entrevista criticou os atletas que vão aos jogos olímpicos e não se esforçam minimamente, apenas usufruem do estatuto de alta competição para conseguir bolsas de estudo e benefícios para ingresso no ensino superior público.
É realmente vergonhosa a participação portuguesa nos jogos olímpicos, não existe motivação por parte dos atletas, nem espírito de competição. Aqueles que se designam como atletas não são mais do que turistas, que durante a sua visita á China, vão fazer uma corrida ou dar umas braçadas na piscina.
Estes pseudo atletas são uma vergonha em todos os sentidos. São uma vergonha para si mesmos pela sua falta de objectivos e de presença. Para os seus colegas que trabalharam e deram o seu melhor para estarem onde estão e que se vêem confrontados com espécimes que andam no mundo por andar. Para o pais que representam que não pode ter o mínimo de esperança de atingir alguma glória no evento desportivo.
Mas pior do que a sua falta de espírito olímpico só mesmo as suas declarações tristes, as desculpas esfarrapadas para a péssima prestação.
Apesar do espírito dos jogos olímpicos ter sido perdido á muito, continua a ser aqui representado o momento aureo desportivo e é muito triste não ter ninguém que represente um pais ,e que esteja á altura do evento.

Também neste evento peca a comunicação social, que enaltece apenas alguns atletas ignorando outros tantos e esses sim obtém alguns resultados visíveis. Quantos portugueses saberiam das conquistas da equipa de remo?? Continuam a interessar apenas 2 ou 3 atletas numa equipa composta por 77 elementos no total.



terça-feira, 29 de julho de 2008

Recomeçar….


Como uma palavra tão simples do nosso vocabulário pode ter tanto peso na nossa vida emocional e social. Como uma simples palavra pode arcar com tanta responsabilidade e ser tão temida.

Porque é tão temido o inicio de uma nova fase da nossa Vida? Será porque este recomeço indica que falhámos, que somos uma nulidade na nossa vida e os objectivos que tínhamos ficaram por cumprir? Eu acho que não.

Olhando á minha volta vejo muitas vidas que deram voltas de 180º. Vidas desfeitas em ínfimos segundos, por vezes devido a atitudes impulsivas, outras que se foram degradando lenta e morbidamente mas cujo desgaste nunca foi assumido.
Seja qual for o motivo pelo qual a nossa vida mudou uma coisa é mais que certa, para iniciar um novo ciclo temos de limpar tudo o que ficou para trás. Não deixar assuntos por resolver ou palavras por proferir. Se se vai recomeçar é bom que iniciemos tudo do zero.

As mulheres normalmente associam um recomeço a uma mudança de visual, mas será que o fazem com a intenção certa?
Pois aqui está o ponto fulcral da questão. Veja-se por exemplo um caso de separação / divórcio…a mulher chora, reclama, grita, coloca as culpas no ex-companheiro, e faz opções de vida baseadas na raiva e no despeito que sente por ter sido “ trocada”. Muda o visual, começa a frequentar ginásio, melhora o guarda roupa e inicia uma vida social mais activa tudo isto com o objectivo único de mostrar ao ex-companheiro “o que perdeu”. Com o passar do tempo esta criatura vai continuar frustrada e sozinha pois o inicio de uma fase da nossa vida também comporta um auto análise.

Quando nos deparamos com uma situação destas o melhor mesmo é tirarmos uns dias só para nós e reflectir naquilo que somos, que fizemos até ao momento , no que sentimos, no que desejamos e quais foram os objectivos que cumprimos ou não até ao momento. Vão ser dias cruéis. Temos de ser isentas connosco e pesar verdadeiramente os nossos defeitos e qualidades, os nossos valores, as nossas atitudes, os nosso desejos e objectivos. Não basta gritar e chorar por uma relação perdida ( quem diz relação diz emprego, status quo económico ou social), Temos de nos isolar do mundo e reflectir nos nossos passos.

“Certo! A relação acabou! Porquê? Quando começou a queda? Como começou e porquê? De quem foi a culpa? Eu errei em A,B e C ele errou em C,D e E. Ambos erramos, ambos não tomamos certas atitudes.” Conclusão: no fundo o que se pretende é uma auto-avaliação de forma a verificar quais os erros por nós cometidos, quais as falhas afim de as melhorar no futuro.
Depois desta análise do nosso intimo, podemos começar com a melhoria tanto do nosso interior como do nosso exterior. Podemos perfeitamente ter uma nova imagem e reiniciar a nossa vida Social, mas sempre com a noção de que o fazemos por nós pela nossa evolução pessoal, pelo nosso crescimento…..Afinal foi-nos dada a oportunidade de recomeçar e não existe altura melhor para corrigirmos os nossos erros do passado.

Acima de tudo há que ter em conta alguns pontos fundamentais para o nosso bem estar:

a) Valorizar-nos!
Sim sou divorciada. Porquê?! As coisas não resultaram e não seria saudável manter uma relação baseada em “nada”. O problema resultou do “nós” e não exclusivamente de mim e das minhas atitudes.
Agora é avançar de cabeça erguida e ir á luta. Não há tempo a perder com lágrimas ou depressões.

b) Cuidar do nosso interior!
As mulheres tem o péssimo hábito de se anularem ao entrar numa relação. A frase “ como tu quiseres” deve ser a mais proferida dentro do quotidiano doméstico. A mulher anula as suas vontades, desejos, paixões e interesses em prol dos do seu companheiro. Quando a relação termina a mulher já não identidade própria, sente-se perdida e deprimida e dai ser tão importante “ o retiro espiritual” supracitado, será sempre necessário a mulher reencontrar-se.

c) Cuidar do nosso exterior!
Mais uma vez se verifica a anulação da mulher face á sua nova vida. A maioria pensa que agora que tem o que deseja ( namorado, marido, emprego ou casa de sonho) pode parar de se esforçar. Assim a mulher ganha uns quilos, deixa de ir ao cabeleireiro, esteticista ou a manicura, deixa de se empenhar nas suas funções e toma a típica atitude do “deixa andar”. Logo ao iniciar a nova fase tem de se esforçar o triplo para colocar tudo na sua anterior ordem.

d) Por fim e o tópico que acho mais importante , nunca tomar nada como garantido. Seja em que campo for. Nunca devemos tomar uma relação como garantida e deixar a mesma cair no marasmo.
Uma relação deve ser alimentada todos os dias, o nosso companheiro/a deve ser seduzido, mimado diariamente ( atenção que este ponto deverá ser recíproco, pois as relações não são unilaterais).
Um emprego deve ser encarado sempre como no primeiro mês de expediente. Devemos ter a mesma atitude que temos quando estamos ainda em período de experiência, ser zelosos das nossa funções e no cumprimento de horários ( mesmo que não aja motivação nenhuma para o fazer).
Uma casa de sonho só o é, se também for alimentada, tanto com a decoração também dos nosso sonhos com o com energias positivas que transformam a simples construção de tijolos e cimento num lar.

Estes pontos fundamentais, podem parecer-se muito com as teorias do famoso “ Segredo”, mas a realidade é mesmo esta.. Para sermos equilibrados e termos tudo o que sonhamos e conquistar os nosso objectivos temos de começar com o nosso intimo.

Nós reflecti mo-nos no exterior e não o inverso. É realmente difícil nos dias que correm fazermos a distinção entre os nosso desejos e sentimentos e os desejos e sentimentos incutidos pela sociedade , mas também temos de admitir que a nossa sociedade é alimentada pelas diferenças e não é assim tão mau ter uma personalidade própria.

Por tudo isto, vamos então recomeçar sem receios do que os outros vão pensar. Se nos nos conhecemos verdadeiramente e gostarmos o passo seguinte é mostrar isso mesmo ao mundo. Como diz o anúncio “ se eu não gostar de mim….quem gostará?”

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Unhas de gel


As unhas de gel chegaram, viram e venceram. Hoje em dia não há centro comercial que não tenha uma a duas lojas dedicada a estética exclusiva da unha de gel.
As marcações são feitas com semanas de antecedência e as filas de espera abismais.
Foi realmente uma grande invenção estética, que permite a pessoas de genética menos afortunada terem as mãos cuidadas e as unhas fabulosas que sempre sonharam. Estas abrem ainda portas para uma nova arte de pintura e decoração da unha, muito em voga nas meninas mais “originais”.
É uma arte cara, mas dizem as fãs que pode mudar completamente as relações sociais. Admito que é muito mais agradável olhar para certas amigas e ver as longas e cuidadas extensões do que o seu anterior visual de unhas demasiado roídas, fracas e com verniz descascado e cutículas infectadas (blhaackk).
Mas como em tudo na nossa sociedade, há o exagero. A unha de gel tornou-se para muitos uma forma de distinção social. Ter unha de gel é chique e só quem tem estatuto e dinheiro pode manter esta fantástica aparência. Certo ???
Errado. Por muito que se tente atingir estatuto através de roupas ,malas ,sapatos de marca ( ou contra facção fabulosa) ou mesmo unhas de gel, essa tentativa não terá qualquer sucesso. O estatuto está no interior de cada um e não nas falsidades estéticas que colamos ao nosso corpo.
O Universo feminino atingiu o cumulo da estupidez, quando se vê uma empregada de limpeza gastar metade do orçamento familiar na colocação de unhas de gel para ficar ficar mais bonita, porque a amiga tem igual e é um sucesso, algo está muito mal na sociedade.
Não há nada de mal em sentirmos-nos bem e cuidar-mos de nós, mas tudo tem limites e tudo tem uma razão de ser. Não vamos incorrer num gasto fútil para nos inserirmos na sociedade.
A humanidade e principalmente as mulheres tem de aprender que não é a sociedade das revistas cor de rosa que dita o que é aceitável ou não, mas as próprias mulheres que fazem a nossa sociedade. Mulheres reais, com necessidades e vidas reais. Mulheres que não precisam de extensões de gel, silicone ou cabelo humano ( de mulheres indianas que não têm mais nada para vender senão o próprio cabelo) para serem aceites.
Mulheres com “M” bem grande são as que se olham no espelho e se arranjam apenas para elas. Que são originais e verdadeiras consigo mesmas e sabem bem o seu valor na sociedade.

Há três anos visitei Nova York, onde a moda da unha de gel já havia chegado e onde em cada esquina há duas lojas de estética de unhas de gel. Todas as mulheres desde a recepcionista á empregada de limpeza tinham a bela da unha ( exageradamente grandes e vistosa) no entanto, as sociedades e as cidades não são iguais. Nos EUA existe poder de compra para tal e não se está a tentar atingir um estatuto. As mulheres são assim porque gostam si mesmas, transpiram auto confiança e cuidam-se apenas para seu prazer.
Será que alguma vez este pais de 3º mundo e seus habitantes limitados vão atingir a consciência de que não é de aparências que se vive, cresce e evolui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os meus 15 minutos de fama


A maioria da população sonha com o dia em que chegaram os seus 15 minutos de fama. Eu digo sinceramente que sempre associei os meus a um qualquer acto politico ou de escrita criativa e não estava minimamente preparada para o que aconteceu.

Alguém me disse que tanto reclamei e escrevi para tudo o que era jornal e revista que algum dia alguém viria atrás de mim. E assim foi.

Há algumas semanas enviei um mail inspirado para um programa de TV nacional ( cabo) e eis que me fizeram um convite para participar no programa em directo e falar sobre.... Sexo.

Primeiro pensei que só poderiam estar a gozar comigo, depois recusei-me a ficar orgulhosa, a pedido de várias famílias aceitei o convite.


Até ao último minuto verifiquei o meu e-mail esperando a chegada de um e-mail a cancelar tudo, porque tinham descoberto que afinal eu não era ninguém de importante. Ao contrário do que se espera eu não revelei a ninguém a minha participação. Os poucos que souberam eram aqueles que garantida mente não iriam conseguir assistir ao programa.


Fiz pesquisas....de que nada adiantaram.

Foi uma hora de preparação ( make up; cabeleireiro; testes de som; breafing do programa) para 15 minutos ( se tanto) de tempo de antena.

Não sei o que disse, nem se estava bem, ainda não fiz qualquer tentativa de me ver....


Questiono-me porque almejam tanto as pessoas os seus 15 minutos de fama... o que disse em directo foi apenas o que defendi toda a minha vida e que vou dizer até ao dia do meu suspiro final. Não é necessário tempo de antena.......a nossa existência baseia-se no nosso ser ,na nossa presença nas nossas ideias e na forma como marcamos as pessoas individualmente.


Perguntam se foi uma boa experiência? No seu todo sim, foi positivo. SE fiz boa figura, não sei...a auto critica em mim nunca vai deixar de ver defeitos...se algum dia me levar a ver a minha prestação diante das câmaras de TV.

Não te amo...Quero-te

Não te amo, quero-te:
o amor vem d'alma.
E eu n'alma tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett

sábado, 19 de julho de 2008

A (des)educação da mulher

Desde que nasce até ao dia em que morre a mulher é (des)educada para ser perfeita e desempenhar durante a sua vida todos os papeis de igual modo. Assim a jovem menina é educada para ser a filha perfeita para os seus pais e a irmã ideal para os seus irmãos , a aluna brilhante da sua sala de aula. Já adolescente esta tem de manter o elevado nível sendo a amiga sempre presente , a namorada atenciosa e manter o brilhantismo nas aulas.
Anos mais tarde, a menina casa-se e agora terá de desenvolver funções de esposa perfeita, dona de casa exemplar, mãe dedicada de um ou mais filhos e ainda conciliar tudo isto com o emprego full time onde é a trabalhadora ideal e a colega simpática sempre disponível.
E a mulher? Em tudo isto onde está o espaço para a mulher, para cuidar de si, para dar asas á sua imaginação, para satisfazer as suas necessidades e desejos?

Toda a sua vida a mulher é “programada” para cumprir meticulosamente o seu papel e assistir com prontidão e excelência as necessidades dos outros. Quando esta programação falha todos apontam o dedo. A mulher é catalogada de “má rez” e coitados dos pais é que sofrem com tamanho desgosto.
Ainda hoje, em pleno século XXI a mulher que sai deste padrão é criticada e ofendida pelos seus pares. Catalogada de egoísta, convencida, depravada, vadia, a mulher que escolheu ouvir o seu eu interior e seguir os seus instintos naturais segue o seu caminho superior a toda esta mesquinhez.
Não compreende o porque de tanta critica. É assim tão complicado perceber que todos os seres humanos tem uma série de direitos e um deles é o da liberdade de escolha, independentemente do sexo, religião ou cor de pele do individuo?
Pois esta mulher escolheu seguir o seu instinto e os seus sonhos. Desde criança que não percebe o porque da submissão das mulheres e a sua eterna rendição aos desejos e ordens de terceiros. Nunca quis seguir este ( mau) exemplo que a rodeava. Havia algo mais lá fora, algo que chamava por ela, que a atraia para longe do deserto de vontades próprias que a rodeava.
Nunca percebeu porque as mulheres cediam a pressão imposta pela sociedade, nem porque insistiam em responder a questões desprovidas de senso e vindas de todo e qualquer um que se achava no direito de interferir e opinar sobre a sua vida: “ Estás tão crescida, quando arranjas namorado?”; “Tens de ter atenção, qualquer dia ficas para tia”; “Já namoras há tanto tempo...nunca mais te casas?”; “Essa relação é a sério?”; “ Quando tens filhos?”;”Quando dás um irmaõzinho ao teu filho?”.

Ahhhhhhhhh!! Parou tudo! É sufocante. Claustrofóbico. Porque não perguntar de uma vez á mulher “quando te suicidas?” ou “essa frustração toda acumulada quando te vai fazer explodir?”.
Mas para ela o pior nem são as questões é o facto de raríssimas mulheres se insurgirem contra todos estes preconceitos. Como aguentam elas a prisão de uma vida vazia. E diriam muitas vazia não, os meus filhos são o melhor do mundo e adoro ser doméstica e afins, mas quando ficam sozinhas deprimem-se ao pensar em todos os sonhos por concretizar e desejos reprimidos.
Estava fora de questão ser assim. Não fazia parte dos seus planos olhar para traz e arrepender-se de todo o tempo perdido a seguir teorias pré históricas. Decidiu erguer a cabeça e endireitar os ombros, caminhou convicta de que tomara a decisão correcta. A única dúvida que a assolava era se teria força para aguentar as represálias da sociedade.
Anos mais tarde ela era a egoísta. Pensava apenas em si mesma. Tirara um curso superior e tinha uma carreira de sucesso na área que desejava e só pensava em dinheiro e viagens.
Era a narcisista, em vez de ter marido e filhos, passava uma hora por dia no ginásio a cuidar de si, ia á esteticista uma vez por mês apenas para ser mimar.
Era a vadia, passava horas com as amigas e amigos , no cinema, bares e discotecas. Era a depravada, sem vergonha que não tinha namorado mas tinha um “amigo” novo a cada dia que passava! Não depende de ninguém.
Apesar de todos os rótulos é feliz. Não se arrepende de nada. Planeou e executou na perfeição todos os seus planos de vida. Realizou-se a nível profissional, conhece o mundo, é culta e decidida...uma mulher com M maiúsculo. Agora sim, se for essa a sua escolha vai encontrar um companheiro e construir um lar.
Passam mais dois anos e nada mudou. Continua a ser rotulada de implacável. O seu companheiro deve ser um “maricas” pois faz a sua parte das tarefas domésticas e imaginem só até cozinha. “Uma mulher a sério nunca permitiria uma situação destas! “ – dizem as más línguas “ quando tiverem filhos é ele que vai ficar em casa”.
Isto é o que dizem. Mas o que será que pensam??

Foram rigidamente educadas para falarem mal de tudo o que difere dos seus padrões, mas no fundo falam por pura inveja.
Da janela da cozinha, vêm-na sair do carro após um dia de trabalho, elegante no seu fato e stiletos.... conhecem a sua rotina de cor... retira o saco de ginásio e entra em casa. É frequente vê-la á noite na varanda a bebericar café e a ler. Descontraída. Superior a tudo o que dizem dela. Sem qualquer tipo de remorsos.
Pela manhã vai sair bem cedo, equipada para ir ao ginásio. Sorri e acena as vizinhas com quem se cruza, estas olham de lado, o que não dariam para ter aquele aspecto fresco pela manhã, mas tudo o que sentem é o peso das tarefas.
Curvadas e de aspecto sombrio sonham com uma hora, no mínimo, de tempo apenas para elas. Sabem que isso é impossível. Mesmo que dispusessem dessa hora, iriam sentir-se culpadas pelo acumular de tarefas. Não tem vida própria, nunca tiveram e agora é tarde para mudar.
Uma mudança nesta altura do campeonato equivaleria a um possível divórcio e isso está fora de questão. Seria uma vergonha. Uma desgraça, não só pelo rotulo de má esposa e má mãe, mas também porque não sabem viver sozinhas ou sem estar sob a alçada de um macho dominante. Tem medo da solidão e do tempo livre pois não sabem que lá fora há um vasto mundo de oportunidades e de coisas novas para fazer.

Ser independente também não é simples. Obviamente que como em tudo na vida há prós e contras. Passou algum tempo sozinha, pois poucos eram aqueles que percebiam a sua forma de pensar e agir. Teve muitas dúvidas mas a sua liberdade e os seus objectivos estavam acima de tudo. Não iriam ser os preconceitos sociais ou os tabus incutidos pela igreja e pelos bons costumes que a iriam afastar dos seus sonhos ou desejos.
Ainda ri ao pensar na reacção de certas amigas quando em passeio pela baixa entrava nas sex shops. Quase que morriam de vergonha só de estar á porta do referido estabelecimento comercial, quanto mais entrar e fora de questão estava a aquisição de algo.
Porquê?! Questionava as amigas... a resposta nunca era satisfatória. Era feio, era uma vergonha e se alguém conhecido as visse, que iria o namorado achar. Porquê esta submissão e total aniquilação de vontades próprias?

Desde sempre as mulheres que se tentam evidenciar são apontadas pela sociedade, mas isso não quis dizer que estas parassem e deixassem de lutar pelos seus ideais. Que seriamos de nós sem as incompreendidas sufragistas ou mesmo sem mulheres que ocuparam lugares de destaque nos tronos europeus e na politica....alguém teve de ser a primeira.
Porquê que para os homens sempre foi absolutamente natural a frequência em casas “duvidosas” e as suas práticas e escolhas sexuais nunca foram motivo para ostracização por muito pervertidas que fossem?
E porquê as mulheres em lugares de destaque, na politica ou mesmo nas empresas são sempre apontadas e catalogadas de cabras?
Este é ainda um tema tabu. Enquanto as mulheres não tomarem as rédeas da sua vida e da educação das suas filhas. Enquanto a educação de homens e mulheres não for uniformizada o mundo vai evoluir.

A importância de ser......discreto

Algo que sempre me causou alguma confusão, são as criaturas ( principalmente mulheres) que se passeiam pelos transportes públicos e gritam para os restantes utilizadores detalhes da sua vida intima. A ideia é contar estes detalhes ao conhecido que as acompanha, no entanto o mesmo deve ser surdo...pobre criatura.
Assim todas as manhãs podemos ouvir as constantes reclamações sobre vida privada, maridos, filhos, tarefas domésticas e cuscuvelhices com as vizinhas, sobre trabalho, os patrões e/ou colegas ou mesmo sobre o autocarro onde vão pois não gostam da cara do motorista. Se tiver-mos a sorte de todos os dias frequentar o mesmo transporte público então temos o privilégio de seguir a vida deste espécime como se de uma novela se trata-se.
Todos os dias sabemos o que foi almoço, o jantar e o lanche e quanto tempo demoraram os colegas de trabalho a tomar café de cada uma das 10 vezes que se retiraram da sala de trabalho.
Algo comum a todas estas criaturas é o drama da vitimização, a língua afiada que se contêm face aos chefes ( e depois quem a ouve são os utentes dos transportes) e o trauma da incompreensão. Só os pobres sofrem desta forma... a vida desta espécie parece uma novela mexicana.
Mas para além desta divulgação pública da sua vida pessoal a intenção primária destas criaturas é dar nas vistas. É colocar do seu lado todo e qualquer ser humano com os quais se cruza. Todos devem simpatizar com os seus dramas, defende-la ( teoricamente ) dos abusos dos patrões e dos colegas, já que esta criatura é uma mártir no seu local de trabalho e ainda falarem mal do conjugue que não ajudas nas tarefas domésticas e deseduca os filhos.
O Drama. O horror. Vidas reais.... passando a publicidade, o grande sonho destes seres é serem reconhecidos e no mínimo aparecerem no jornal da noite da TVI.
Para grande tristeza minha, assisto diariamente a esta novela. Um dia ao tentar abstrair-me através da leitura do jornal, o meu olhar divagou para a pessoa sentada ao meu lado e nesse momento descobri um exemplo perfeito da descrição.
Um homem de 40, barba de 2/3 dias, roupa simples ( mesmo que tivesse alguma marca especifica não o ostentava) sapato bem engraxado e um saco tiracolo ( não um saco de transporte de PC’s como muitas pessoas usam hoje em dia para transportar o almoço) e tal como eu ia a ler o jornal. Aqui reside a surpresa.
Como quem faz palavras cruzadas este homem faz a correcção de uma coluna no jornal. Corrige erros, inverte parágrafos, coloca notas laterais a lapiseira. Organiza-se mentalmente e recomeça....é um verdadeiro génio a trabalhar.... e perguntam vocês porque é este homem tão especial?? Porque é ele o autor da coluna/ editorial que está a corrigir. No topo do texto está a foto e o nome deste personagem, colaborador deste jornal diário de grande conceito e tiragem a nível nacional.
Também ele anda de transportes todos os dias. Também ele assiste aos dramas quotidianos. Ele sim é importante e tem um papel de destaque nas nossas vidas, afinal muitos inspiram-se nas suas palavras para formar uma opinião sobre um qualquer tema da actualidade.
E daqui podemos tirar as nossas conclusões. Pessoas verdadeiramente importantes não “esfregam” o seu estatuto na cara do mundo em geral. São como são e ponto.